Contrato de técnicos com o Flamengo os obriga a escalar três volantes?
Mário Magalhães
Segunda-feira estranha essa, embora como a passada. É que os rubro-negros andávamos desacostumados: ninguém com ironia, sacaneadazinha, gozação para cima dos torcedores do Flamengo.
Tripudiar como? O time ganhou mais uma no Brasileiro, 1 a 0 no Goiás, deixou o espectro da queda para trás e já permite, aí, sim, gracejos como um de ontem: continuamos só 13 pontos atrás do líder. Te cuida, Galo…
O jogo mostrou mais uma vez o óbvio, a distinção que faz um jogador acima da média. A bola pouco chegou ao Guerrero, mas ele deu o passe camarada para o Marcelo Cirino marcar.
Em quatro partidas pelo novo clube, o peruano foi decisivo nos quatro triunfos.
Festa à parte, a equipe poderia ter perdido, não fossem as defesas do César. O goleiro que apareceu anos atrás na Copinha confirma o talento, mas precisa evoluir nas saídas de gol e na reposição de bola.
Só melhoramos quando, depois do sufoco no primeiro tempo, o Cristóvão Borges tirou o Canteros e colocou o Alan Patrick. Trocou, salve, um dos três volantes por um meia.
É impressionante como o técnico teima na escalação de três volantes.
Se cabe ao treinador explorar o que os jogadores têm de melhor, é compreensível contar com três meias defensivos, desde que ao menos um deles saiba armar.
Não é o que ocorre com Cáceres, Canteros e Márcio Araújo. Por isso, a bola custa a fluir, a alcançar os atacantes ou meias mais ofensivos.
O paredão também é uma ilusão. Como o time ataca com menos intensidade, oferece a bola para o adversário agredir.
Há treineiros que se enganam alardeando os três volantes alemães no 7 a 1. Não se dão conta de que Kroos, Khedira e Schweinsteiger, ainda que eventualmente possam ser classificados como volantes, e não meias, sabem, todos eles, organizar o jogo.
Vanderlei Luxemburgo insistia na maldição dos três volantes, abrindo mão de criatividade. Fracassou.
Na sua estreia, Cristóvão foi de dois volantes, mas logo recuou. Parece, só parece, que o clube exige dos seus técnicos tal pusilanimidade.
Sem mais talento no meio, Guerrero e, voltando de suspensão, Emerson Sheik ficarão muito isolados contra oponentes mais fortes.
É questão pragmática: para vencer, é necessário incrementar o meio.
Tomara que Ederson, o meia recém-contrato, entre no lugar de um volante.
E que o Cristóvão, gente boa, saia da retranca.