Eduardo Paes estreita laços para encabeçar eventual chapa PMDB-PT em 2018
Mário Magalhães
O cenário apresentado a seguir provavelmente não será comentado pelas partes envolvidas, talvez nem em conversas reservadas.
Mas a principal conclusão política da sabatina com Eduardo Paes, promovida ontem pelo UOL e pela ''Folha'', é que o prefeito do Rio seria o nome com mais chances de concorrer ao Planalto em 2018 numa eventual chapa encabeçada pelo PMDB e coadjuvada pelo PT.
Se prevalecerem o calendário constitucional e a soberania dos votos que reelegeram Dilma Rousseff, o pleito ocorrerá daqui a pouco mais de três anos.
O candidato petista mais cotado hoje é Luiz Inácio Lula da Silva.
Contudo, no caso de a aprovação a Dilma permanecer no volume morto de um entre cada dez brasileiros, é difícil que o ex-presidente venha a arriscar seu prestígio histórico numa disputa com escassa chance de êxito.
Entre escalar Lula ou outro correligionário para cumprir tabela, o PT poderia aceitar, trocando a ordem da coligação PT-PMDB de 2010 e 2014, ceder o lugar principal e manter a aliança (as eleições municipais de 2016 devem retratar o expressivo impacto da política econômica recessiva e da Lava Jato no desempenho do partido nas urnas).
O vice Michel Temer, componente do governo impopular _se a impopularidade persistir_ seria candidato pouco indicado, tamanho o vínculo, de número 2, com a administração em curso.
Aí aparecem o peemedebista Eduardo Paes, suas ações e ambições.
Ao contrário do ex-governador Sérgio Cabral, que ainda hoje teme lugares públicos, o prefeito sobreviveu às Jornadas de Junho de 2013.
Terá muita exposição até a Olimpíada do ano que vem.
Costuma afirmar que sua ''candidatura natural'' em 2018 será a governador, mas já foi lançado à Presidência por partidários como Eduardo Cunha.
No inverno em que o presidente da Câmara e o governo se engalfinham, Paes se empenha em reforçar laços aqui e acolá.
Como faz no Rio, onde seu vice é um petista.
Sobre Dilma, o sabatinado reiterou que a julga íntegra e que inexiste motivo legal para afastá-la do cargo.
Embora divirja de Cunha sobre redução da maioridade penal e outros assuntos, elogiou-o sem se permitir ironias e gracejos como os habituais ao falar de José Serra, com quem se dá bem, e Cesar Maia, com quem não se dá.
Concedeu apenas um sorriso maroto ao ouvir a pergunta: Eduardo Cunha é coisa boa, coisa ruim ou nenhuma coisa nem outra para o Brasil?
Em sua época de PSDB, uma das cinco agremiações por que passou, Paes foi um dos deputados que mais bateram no PT na CPI dos Correios. Chamou o então presidente Lula de ''psicótico'' e ''chefe de quadrilha''.
Ao se transferir para o PMDB, aproximou-se de Lula. Pediu desculpas por ter atacado, numa estocada que irritou a primeira-dama Marisa Letícia, um dos filhos do presidente.
Embora ex-membro do velho PFL, Paes tem exercitado discursos que o tornam mais amigável ao PT. Ao se referir à ''elite demofóbica''. Ao se pronunciar contra o eixo do projeto de Estatuto da Família, que entre outros retrocessos impediria a adoção de crianças por casais do mesmo sexo. E ao condenar, como mencionado, a mudança da maioridade penal.
Nada que o impeça de ser denunciado por instituições como a Anistia Internacional como responsável por remoções compulsórias e dispensáveis de moradores de favelas, sob pretexto de abrir caminho para obras.
Na sabatina, Paes foi o primeiro a abordar a Operação Lava Jato, de início como se muitos dos suspeitos não fossem do seu PMDB. Criticou a ''dicotomia tucano-petista'' como ''tragédia para o Brasil''.
É candidatíssimo a presidente, com _suponho que ele prefira Lula ao seu lado_ ou sem o PT.
É muito mais provável que Eduardo Paes concorra ao Planalto em 2018 do que, por qualquer partido, José Serra.
Trata-se de um dos muitos cenários numa quadra nebulosa. Mas é verossímil.
Nessa hipótese, o PT, castigado pela(s) crise(s), pela primeira vez não teria postulante próprio à Presidência.
Para assistir ao vídeo com a íntegra da sabatina, basta clicar na imagem abaixo: