Blog do Mario Magalhaes

Mistério no Pan: por que o boxe aboliu o capacete e o taekwondo, não?

Mário Magalhães

Taekwondo: cabeças protegidas, pela integridade física – Foto reprodução

 

Treinei taekwondo na adolescência, porém entendo pouco da luta.

Ao contrário do meu pai, nunca lutei boxe, mas acho um esporte sensacional, do qual só entendo mais ou menos.

Culpa talvez da ignorância, um contraste no Pan de Toronto constitui mistério para mim.

Uma das novidades em 2015, antecipando a Olimpíada do Rio, é o abandono do capacete como equipamento protetor dos pugilistas homens.

Li que a Associação Internacional de Boxe alega que um estudo teria mostrado que as lesões cerebrais aumentam com a proteção.

O impacto do capacete na cabeça seria maior do que o da luva, dizem.

E quem usa capacete seria mais golpeado, por ter mais confiança ao se expor ao oponente.

Se a mudança visa preservar a saúde, por que o taekwondo não procede da mesma forma? Só porque não há luvas nos pés?

O esporte de origem coreana manteve o capacete.

No taekwondo, acertar a cabeça do adversário vale três pontos, em golpe mais simples _no peito, vale um. É um incentivo.

Por serem alvo frequente dos lutadores, as cabeças são protegidas.

Se o pessoal do boxe estiver certo, o do taekwondo talvez exponha os atletas a lesões mais graves.

Caso contrário, pobres dos boxeurs.

Uma hipótese que pode não ter lastro nos fatos: ao abolir o capacete _e a exibição instantânea da pontuação_, os chefões do boxe dito amador quiseram deixá-lo mais parecido com o profissional, a despeito da limitação do combate a três assaltos.

O propósito seria aumentar a receita (a audiência da TV, sobretudo) de um esporte que causa estranheza a espectadores que só acompanham os profissionais.

Nessa hipótese, o interesse comercial superaria a preocupação com a integridade física.

Se a cartolagem do boxe está certa ao descartar o capacete, assina a confissão de culpa por lesões que poderiam ter sido evitadas: por quase dez Olimpíadas, os lutadores foram obrigados a proteger a cabeça.

Vai saber…

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