Blog do Mario Magalhaes

Bater continência é direito; erguer punho, gesto punido, também tem de ser

Mário Magalhães

México, 1968: coragem de campeões – Foto reprodução

 

Muitos atletas brasileiros em Toronto batem continência, no pódio, para reverenciar a bandeira e o hino.

Justificam a inovação em Pans com a incorporação às Forças Armadas, de cujas atividades não participam regularmente.

São atletas militares, inscritos com o propósito de competir em eventos esportivos, sobretudo internacionais.

Nem atletas das ditaduras mais cascas-grossas exibem tal comportamento.

Mas é inegável o direito democrático de prestar continência, se assim quiserem.

O que é inaceitável são as normas de comitês esportivos que proíbem outros gestos.

A foto lá do alto mostra os velocistas norte-americanos Tommie Smith e John Carlos recebendo suas medalhas na Olimpíada de 1968.

No México, eles foram ouro _primeira vez abaixo dos 20 segundos_ e prata nos 200 metros rasos.

Ao subir ao pódio, reverenciando suas consciências, ergueram os punhos enluvados e fechados.

Era a saudação dos Panteras Negras, agremiação que, entre outras batalhas, combatia a segregação racial nos Estados Unidos.

Os dois foram expulsos dos Jogos.

Ainda hoje o regulamento do Comitê Olímpico Internacional veta manifestações como a de Smith e Carlos.

A medida fere a livre expressão dos cidadãos.

E atletas também são cidadãos.

Sou mais a coragem do punho cerrado de 1968 que a continência de 2015.

Mas, cada um na sua, ambos têm de ser assegurados, sem censura.

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