2 anos hoje: ‘Me mata, mas não faz isso comigo’, gritou Amarildo na tortura
Mário Magalhães
No calvário da tortura que tirou sua vida, o Amarildo gritou: ''Não, não, isso não. Me mata, mas não faz isso comigo''.
A testemunha, policial militar, é insuspeita. Ouviu com os próprios ouvidos, não por ouvir dizer.
Não se trata de ''gente dos direitos humanos'', como pronunciam trogloditas com cabeça e coração capturados pela Idade Média.
Durante a pancadaria, na UPP da Rocinha, três PMs da área administrativa choraram.
As lágrimas caíam enquanto outros PMs matavam o operário da construção civil.
Com pauladas, choques elétricos e sufocando-o com saco plástico.
À frente deles, um antigo oficial do Bope.
Uma PM denunciou: “O que fizeram com esse homem não se faz a um animal”.
A agonia do Amarildo é reconstituída nos autos do processo sobre sua morte e desaparecimento.
Tudo ocorreu há cravados dois anos, na noite de 14 de julho de 2013.
Quem estava lá contou, como escrevem hoje os repórteres Sérgio Ramalho e Vera Araújo (leia aqui).
A reportagem informa que há testemunhas desaparecidas.
A morte do Amarildo, essa é a triste verdade, vai sumindo das memórias.
O esquecimento é amigo da barbárie.
Ei, Pezão, ei, Cabral: Cadê o Amarildo?