Um ano depois, o 7 a 1 virou metáfora
Mário Magalhães
Tragédia de 2014?
Faz-me rir!
Tragédia foi a de 50, lágrimas abundantes, capazes de transbordar o rio Maracanã.
Há cravado um ano, 8 de julho, já no quarto gol as crianças e eu caímos na gargalhada, ainda que torcêssemos pela seleção.
Foi farsa, e não tragédia, diria aquele judeu alemão barbudo, hoje fora de moda.
Não que o 7 a 1 não tenha marcado o futebol.
Mais do que isso, imprimiu cicatrizes na alma.
A maior prova é que se consagrou como metáfora.
Tal proposta é o 7 a 1 da democracia, proclamam.
Essa mulher é o 7 a 1 da minha vida.
A adaptação daquela peça é o 7 a 1 do cinema.
Esse restaurante é um tremendo 7 a 1.
Será que, fôssemos nós os vitoriosos, o placar também seria metáfora?
Tipo a Helena Ramos e a Nicole Puzzi, combustão de talento e formosura, eram o 7 a 1 da pornochanchada.
Ou esse baita escritor é o 7 a 1 da nova literatura brasileira.
Especulações.
Nos gramados, está difícil dar a volta por cima.
Na vida, cantou o Caetano, gente é pra brilhar, não pra morrer de fome.
Isto é, ninguém nasceu pra 7 a 1.