Blog do Mario Magalhaes

Alemanha, bravo, julga funcionário nazi; Brasil, pena, eterniza impunidade

Mário Magalhães

Oskar Gröning, funcionário de Auschwitz – Foto Julian Stratenschulte/AFP

 

A imagem talvez toque os corações: um ancião de 93 anos no banco dos réus, podendo pegar uma cana de década e meia.

Mas é justo que Oskar Gröning sente na cadeira dos acusados, como nesses dias na Alemanha.

Funcionário nazista conhecido como ''o contador de Auschwitz'', ele trabalhou como guarda naquele campo de concentração.

Foi denunciado por cumplicidade na morte de 300 mil judeus.

Entre outras funções, o alemão recolhia _ou melhor, participava do roubo_ pertences dos prisioneiros levados para lá.

Eventual perdão para o criminoso Gröning, que também integrou uma tropa de elite nazista, é prerrogativa pessoal.

Não pode ser concedido pelo Estado. Nem pela história.

Sua presença tardia, mas bem-vinda, no tribunal é um alerta às gerações: não repitam o que fizeram, porque haverá punição, ou no mínimo julgamento.

No Brasil, agentes públicos que durante a ditadura (1964-1985) surraram, estupraram, torturaram, assassinaram, sumiram com os corpos de cidadãos sob custódia do Estado continuam sem ser julgados e condenados.

O recado é outro: podem aprontar de novo, não dá em nada, vigora a impunidade.

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