Quem disse que Dunga, a mistura de estupidez com ódio, é inimputável?
Mário Magalhães
Sábado de manhã, dia de cortar o cabelo, no velho salão de Copacabana.
Aqui e ali, pipocam conversas sobre a declaração do Dunga na véspera.
Para quem esteve ausente do planeta nos últimos dias, eis o que disse o técnico da seleção, sobre as críticas que recebeu e recebe: ''Eu até acho que eu sou afrodescendente, por tanto que eu apanhei e gosto de apanhar''.
Você pode até dizer que eu estou por fora ou então que eu estou inventando, tamanha a barbaridade.
Para ter certeza, assista clicando aqui, na boca do treinador.
No barbeiro, os pitacos diziam mais ou menos a mesma coisa: o Dunga não sabe o que fala, não sabe falar, é semianalfabeto, não estudou, não pode ser levado a sério, deixa pra lá.
Talvez alguém concordasse com a opinião do treineiro, mas ficou quieto.
Em suma, o pessoal falou que o Dunga seria inimputável; sua ignorância o impediria de ser julgado.
Essa postura me parece, para começo de conversa, um desrespeito ao técnico.
O que ele fala é para ser levado a sério.
E o que ele falou é muito grave.
O que foi dito é que negros gostam de apanhar.
Tanto ele disse que mais tarde soltou uma nota dizendo que não pensa o que foi dito. ''A maneira como me expressei não reflete os meus sentimentos e opiniões'', alegou.
Melhor assim, e quem quiser que acredite.
O que o Dunga falou é tão estúpido e aberrante que seria legítimo _legal, ignoro_ uma ação judicial por preconceito e ódio.
A propósito, é incrível que, depois de ter erguido a Copa do Mundo como capitão da seleção de 94, o vitorioso Dunga mantenha ódio eterno contra quem, embora perdendo, permanece no coração dos torcedores.
Seu ressentimento se concentra na seleção de 82, comandada pelo Telê.
O mesmo vídeo com a cretinice sobre afrodescendentes mostra toda a raiva do Dunga, que também jogou muito, contra craques do passado.
Seu maior problema não é o trabalho que resultou no time horroroso eliminado pelo Paraguai na Copa América, embora em todas as posições tivéssemos à disposição jogadores melhores que os adversários.
E sim o que pensa e o que diz.