Blog do Mario Magalhaes

Governo do RJ torna permanente o atraso nas bolsas para pesquisadores

Mário Magalhães

A cara de Pezão ao ouvir em 2014 pergunta sobre o desaparecido Amarildo – Reprodução TV Globo

O governador Pezão ri ao ouvir em 2014 pergunta sobre o pedreiro Amarildo – Reprodução TV Globo

 

Imagine que você, como quase todo mundo na idade adulta, dependa do seu próprio trabalho para sobreviver.

E que boa parte das suas contas vençam antes do dia 10 de cada mês.

Os seus vencimentos, contudo, só caem no dia 10, o que implica pagar juros e multas, recorrer a empréstimos, ficar inadimplente e coisa e tal.

Agora, imagine que no dia 10 o seu pagamento não sai. E nada de explicação.

Pior: no dia seguinte, o responsável pela sua remuneração envia um e-mail informando unilateralmente que o pagamento passou para o dia 20.

Não somente em junho de 2015, mas para sempre.

É isso o que acaba de acontecer com os cientistas de diversas áreas que recebem bolsas da Faperj, a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

Na tarde de ontem, a agência de fomento à ciência vinculada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia transmitiu a seguinte mensagem eletrônica aos bolsistas:

''O Governo do Estado do Rio de Janeiro, assim como o Governo Federal e os demais estados da federação, vem realizando adequações orçamentárias ao longo do ano, o que tem alterado a liberação de repasses pela Secretaria Estadual de Fazenda. Em função disto, o pagamento de bolsas a partir deste mês passará a ser feito no dia 20.

A FAPERJ reafirma o seu compromisso com o pagamento de todas as verbas de custeio e auxílios.''

Entre os bolsistas existem os que, por exigência contratual da Faperj, são obrigados a se dedicar exclusivamente às atividades de pesquisa.

Isto é, não têm outras rendas.

Em fevereiro, a fundação já atrasara as bolsas. Naquele mês, o e-mail foi este:

“A FAPERJ informa que, em razão de dificuldades do fluxo orçamentário do Tesouro Estadual, o pagamento de bolsas referentes ao mês de janeiro será realizado no próximo dia 24 de fevereiro.

A FAPERJ tem zelado para manter a pontualidade e regularidade no pagamento de seus bolsistas. Lamentamos o transtorno causado por esse atraso.''

Zelou pouco, pelo visto.

São prejudicados estudantes universitários, professores visitantes, professores pesquisadores, professores pós-doutorandos. Há bolsistas de pesquisa e docência, de iniciação científica. E mais.

A institucionalização do atraso do pagamento agrava o perrengue de muita gente que resolveu dedicar a vida à produção e transmissão de conhecimento.

E desincentiva vocações para a ciência.

O governador Luiz Fernando Pezão não parece satisfeito com o aparente propósito de arruinar a Uerj.

Seu governo ameaça castigar ainda mais o ensino e a pesquisa.

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