Fla: é erro comparar demissão de Vanderlei Luxemburgo à de Jayme de Almeida
Mário Magalhães
Vanderlei Luxemburgo foi demitido pelo Flamengo em virtude dos resultados pífios em 2015.
É do jogo discutir se o cartão vermelho foi justo e oportuno.
Mas constitui erro abissal equiparar a demissão de Luxa à de um ano atrás, quando Jayme de Almeida foi mandado embora.
Se o clube honrar com Vanderlei os termos combinados, nada há de ilegal ou imoral.
Assim como o técnico não teria traído o rubro-negro se tivesse aceitado o convite do São Paulo para mudar de ares.
O contrato com o Flamengo lhe permitia ficar ou partir, desde que cumprisse as cláusulas relativas a rompimento.
Se alguém acredita que Vanderlei preferiu permanecer no Flamengo por causa do Flamengo que acredite.
Suspeito que problemas internos, regras e idiossincrasias do tricolor paulista o levaram a rejeitar a proposta.
No São Paulo, Luxa jamais teria as prerrogativas que ostentou em outras paragens, assumindo tarefas e poderes além das responsabilidades de técnico.
Fora do Flamengo, talvez acabe cedendo ao que antes recusara.
Ainda que por telefone, o Flamengo informou Luxemburgo sobre a demissão, conforme o colega Paulo Vinicius Coelho.
O treineiro disse a amigos que a cartolagem não teria sido correta com ele.
Errado. Se cumpre o prometido, e o prometido é devido, o clube exerce seu direito.
Vergonhosa foi a demissão de Jayme de Almeida, orgulho da história rubro-negra, filho de outro patrimônio da casa.
Em maio do ano passado, Jayme soube por jornalistas que tinha rodado.
Humilhado, deu entrevistas sem saber que não era mais o técnico, enquanto os entrevistadores tinham conhecimento da queda.
Jayme qualificou, com razão, como ''asquerosa'' a forma desrespeitosa como se livraram dele.
Menos mal que ele aceitou regressar ao seu clube de coração, compondo a comissão técnica.
Comparar a saída de Vanderlei à de Jayme é respaldar o discurso de vítima de quem parte agora.
O desempenho de Vanderlei é muito fraco em 2015, mas eu não o demitiria, ao menos por enquanto, sem lhe dar a chance de contar com eventuais reforços de peso.
Discordo, porém, da abordagem que busca deslegitimar a decisão do clube.
Outro engano seria pensar que os problemas se limitam ao treinador.
Sem a contratação de dois ou três jogadores bem melhores que os atuais o time viverá outra temporada sem maiores ambições.
E ambição começa com a escolha de um técnico qualificado, à altura do Flamengo.
Desses que não escalam três volantes para enfrentar o Avaí.