Campanha para prefeito do Rio promete ser mais agitada que sucessão de 2012
Mário Magalhães
Candidato à reeleição em 2012, Eduardo Paes (PMDB) foi reconduzido com um pé nas costas à Prefeitura do Rio. O prefeito alcançou 65% dos votos, seguido por Marcelo Freixo (PSOL), 28%, e Rodrigo Maia (DEM), 3%.
O cenário da sucessão do ano que vem se desenha diferente e pode ficar muito mais diferente, conforme a definição dos postulantes.
Numa competição mais acirrada, haveria cinco concorrentes fortes: o secretário municipal Pedro Paulo (PMDB), apoiado por Eduardo Paes; o senador Romário (PSB); o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL); o senador Marcelo Crivella (PRB); e a deputada federal Clarissa Garotinho (PR).
Seria surpreendente se, com tal cédula, houvesse desfecho no primeiro turno.
Não há muitas certezas sobre quem disputará.
Dos cinco, o mais provável no embate eleitoral é Marcelo Freixo. O deputado prepara nova candidatura desde o exuberante desempenho em 2012, quando com mais ou menos um minuto diário na TV tangenciou os 30%. Será o único competidor de esquerda com chances. Tem respaldo expressivo na zona sul e, na cidade inteira, entre os jovens.
A possibilidade de Pedro Paulo não ser indicado pelo PMDB sobrevive pela hipótese de Sérgio Cabral reivindicar a vaga (o deputado Leonardo Picciani carece de cacife para desafiar com sucesso o escolhido por Paes). Enfraquecido por enorme rejeição, embora tenha emplacado o sucessor, o ex-governador dificilmente se disporia a encarar a aventura temerária. O cronograma das obras que devem ficar prontas até a Olimpíada fortalece Eduardo Paes e conspira a favor do secretário. Ainda desconhecido pela maioria da população, Pedro Paulo é apontado por boa parte dos analistas como o favorito em 2016. O PT, atualmente com a cadeira de vice, manterá a dobradinha com o PMDB, confirmando acordo de meses atrás firmado pelo ex-presidente Lula.
Romário é incógnita. Assessores de Paes apostam que o senador aderirá a Pedro Paulo. E não somente por ser o padrinho do secretário municipal de Esportes. Caso concorra, o antigo craque terá mais dificuldades do que na eleição para o Senado. Processos judiciais contra ele serão esmiuçados e divulgados pelos adversários. Romário aparece como líder em pesquisas não registradas. Alguns veteranos observadores da política carioca o consideram favorito.
Depois de chegar ao mata-mata derradeiro no pleito para governador, em 2014, Marcelo Crivella foi anunciado pelo PRB como pré-candidato à prefeitura _no entanto, há dúvidas acerca da candidatura. O PMDB se empenha para que o ex-ministro desista. Com Crivella, há consenso, o segundo turno seria quase inevitável. Sua maior limitação eleitoral é a identidade com a Igreja Universal do Reino de Deus, o que estimula a rejeição. Especula-se sobre troca de partido de Crivella, cuja saída do PRB, agremiação com vínculos com a Universal, talvez ajudasse a diminuir a quantidade de eleitores que dizem que jamais votariam nele.
A força de Clarissa Garotinho é também sua fragilidade. Seu maior trunfo é o sobrenome, que assegura votos entre os mais pobres. Mas que, em virtude da resistência de amplos segmentos contra os Garotinho, praticamente inviabiliza vitória em eleição majoritária. Em 2012, Clarissa foi vice de Rodrigo Maia. Agora, estuda sair do PR para o PSDB. Ela postou no Facebook uma foto com o senador tucano Aécio Neves. Um dos propósitos da mudança de legenda seria descolá-la da imagem do pai e da mãe, ex-governadores. Nesse caso, o que fazer com o sobrenome ''Garotinho''?
Outros potenciais candidatos, como Cesar Maia (DEM), teriam pouquíssimas chances.
Por fim: para entender a presença constante do ex-governador Tarso Genro no Rio, é preciso considerar as tratativas nacionais para a sucessão de Dilma Rousseff. Eduardo Paes ambiciona concorrer ao Planalto em 2018. Tem o patrocínio do presidente da Câmara, seu correligionário Eduardo Cunha. Um dos piores cenários para os petistas seria o partido rebaixado, com o lugar de vice em chapa encabeçada pelo PMDB. É contra isso que Tarso trabalha. Alguns militantes ligados a ele, com mais ou menos alarde, apoiarão Freixo desde o primeiro turno do ano que vem.