Blog do Mario Magalhaes

Ao que parece, policiais heróis no Paraná foram sonho de um dia de outono

Mário Magalhães

Eis um exemplo do que a PM do Paraná fez na 4ª – Foto Brunno Covello/reprodução “Gazeta do Povo''

Eis um exemplo do que a PM do Paraná fez na 4ª – Foto Brunno Covello/reprodução “Gazeta do Povo''

 

Transparência: tudo leva a crer que a heroica atitude de 17 policiais militares do Paraná, que teriam se recusado a participar da operação brutal e covarde contra professores na quarta-feira em Curitiba, não passou de sonho de um dia de outono.

A informação foi difundida anteontem pelo ''Estadão Conteúdo'' e reproduzida por publicações e portais de todo o país. Para ler a reportagem do ''Estadão Conteúdo'', na versão do UOL, basta clicar aqui. É possível encontrá-la também, em tons e tratamentos diversos, em ''Veja'', ''Brasil 247'', ''Zero Hora'' e ''Gazeta do Povo''. O ''Jornal da Band'' da quinta-feira contou que 13 PMs disseram não ao ''cerco'' contra a manifestação de professores. Um portal do Paraná falou em 50. Este blog saudou os tais 17 como heróis (leia aqui).

O problema é que, salvo novidades, os 13, 17 ou 50 não existiram. A opinião do blog é verdadeira. A notícia sobre a qual se pronunciou, indicam os fatos, não era. Até agora, não apareceu um só testemunho sobre policial que tivesse se negado a reprimir os professores.

O ''Estadão Conteúdo'' não falou em fontes subalternas ou não identificadas ao noticiar o suposto fato. Creditou a informação à instituição.

Ou seja: quem leu a reportagem considerou que ela transmitia informação oficial da Polícia Militar do Estado do Paraná.

Assim sintetizou o Broadcast Político, da Agência Estado, no Twitter: ''Comando da Polícia Militar do Paraná afirma que 17 policiais foram presos por se recusar a participar do cerco aos professores em Curitiba''.

Isso na quarta-feira. Um dia depois, contudo, uma porta-voz da PM disse que não houve prisão de policial ou recusa de algum deles a agir.

A associação que representa soldados, cabos e sargentos da PM não apenas não criticou a pancadaria contra os professores, mas apoiou-a.

Não são raros os casos, mundo afora, de militares e policiais que, alegando objeção de consciência, negam-se a bater em indefesos, massacrar os mais fracos e obedecer ordens absurdas.

Aparentemente, tal coragem não se manifestou entre os PMs do Paraná.

A expressão ''Ao que parece'' do título lá em cima se deve ao fato de que, caso surjam exemplos de policiais dignos que tenham dito não, a notícia alvissareira de anteontem será confirmada.

Pelo visto, parece que não será. Que pena.

Heróis de verdade são os professores.

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