Blog do Mario Magalhaes

Taxistas de aeroporto intimidam passageiros para evitar corrida tabelada

Mário Magalhães

Aeroporto Santos Dumont, terça-feira, 21 de abril de 2015: falta o alerta "cuidado com a garfada"

Aeroporto Santos Dumont, abril de 2015: falta o alerta ''cuidado com a garfada''

 

Esta é uma daquelas batalhas perdidas, mas voltemos à picaretagem atávica no esquema de táxis do aeroporto Santos Dumont, aqui no Rio.

Terça-feira, quase seis da tarde, saída da sala de esteiras de bagagem, setor de desembarque.

Numerosos motoristas assediam _abordar é outra coisa, menos agressiva_ os recém-chegados, para que estes não embarquem nos táxis autorizados, comuns ou especiais, nos quais se supõe existir mais segurança.

Volta e meia, o Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro faz uma operação no Santos Dumont, apreende alguns táxis piratas, solta fogos de artifício em autopromoção, e depois tudo continua como dantes. Em janeiro, foi assim.

Na fila dos táxis comuns, um taxista de camisa verde circula perguntando ''quem vai para a Barra?''.

Ele age mancomunado com os poucos funcionários da cooperativa de taxistas que organizam a fila.

Na prática, está recusando trechos mais curtos e exigindo um de dezenas de quilômetros, para a zona oeste, ainda mais lucrativo em dia de bandeira 2, pois é 21 de abril.

Em dezembro de 2013, o prefeito Eduardo Paes baixou decreto fixando em R$ 625 a multa para motorista de praça que recusa corrida.

Outra medida, do Código Disciplinar do Sistema de Táxis, limitada às aparências.

O taxista de camisa verde acrescenta: ''No taxímetro!''.

Bem ao lado vê-se o painel reproduzido no alto deste post: resolução de janeiro da Secretaria Municipal de Transportes determina que ''ficam pré-estabelecidas as tarifas abaixo descriminadas''.

Entre elas, o trajeto Santos Dumont-Barra da Tijuca, mais de R$ 100, com bandeira 1 ou 2.

Quando os passageiros se aproximam da calçada podem ver que à direita há táxis que estacionam depois de passar por fora da fila. São os que aguardam corridas mais caras.

Porque, na fila, os funcionários da cooperativa vão indagando, passageiro por passageiro, qual é o destino.

Em seguida, informam que o preço será ''o do taxímetro''.

Um ou outro passageiro sabedor da armação aponta para o painel, e a funcionária que coordena a fila reage em tom intimidatório, respondendo que estão trabalhando no taxímetro.

Ao menos um passageiro avisa que pagará de acordo a resolução oficial, e a chefe da fila, com ares de dedo-dura, alerta irritadíssima um motorista sobre o viajante que exigiu pagar segundo a tabela.

Os funcionários da cooperativa trabalham para os taxistas.

O curioso é que em janeiro houve reajuste dos valores.

Por que a insistência em fugir do que está previsto legalmente?

Será que, no taxímetro, o percurso ganha alguns quilômetros?

Ou os números do taxímetro não batem com os da tabela, em relação à qual não houve chiadeira em relação aos preços?

No ano que vem, o Rio abrigará a Olimpíada. Não faltará turista na fila de táxis do Santos Dumont.

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