Na TV, o PDT exala farisaísmo e enxovalha a memória de Darcy e Brizola
Mário Magalhães
O programa do PDT que foi ao ar na TV ontem à noite, pago às custas, como os dos demais partidos, do trabalho suado dos cidadãos, fartou-se na exibição de imagens do engenheiro Leonel Brizola e do antropólogo Darcy Ribeiro.
Para assistir à inserção, basta clicar aqui.
Pioneiros do partido, depois que o general Golbery do Couto e Silva, no ocaso da ditadura, afanou-lhes a sigla do PTB, os falecidos estadistas trazem lembranças agradáveis a uma agremiação que busca legitimidade e votos. Suas trajetórias são associadas à defesa da educação para todos, à proteção da infância e da juventude, às causas dos mais pobres.
Os fariseus grassam na política brasileira, mas o dito Partido Democrático Trabalhista logrou conquistar horas atrás o título de campeão do farisaísmo.
Como evocar a memória de Brizola e Darcy, cujas vidas foram dedicadas ao ensino público, e ao mesmo tempo ter deputados federais na Comissão de Constituição e Justiça pelejando pela redução da maioridade penal?
Se a legislação for mudada, os jovens mais pobres terão menos chances de superar a pobreza, e os mais jovens ainda serão recrutados para o crime.
O PDT que um dia foi de Brizola agora tem a cara do deputado Major Olímpio, um tipo que Darcy não hesitaria em chamar de fascistoide.
O partido que encheu a tela da TV com o velho Briza é o que, no plenário da Câmara, acaba de chancelar com 13 dos seus 18 votos a terceirização e a precarização do trabalho.
O PDT que foi de Darcy Ribeiro, o ministro mais à esquerda do governo João Goulart abatido em 1964.
Não é que o PDT de Lupi, o atual dono do partido, esteja costeando o alambrado, na tirada gaudéria que Brizola imortalizou.
O alambrado já ficou para trás há muito tempo.
Trair velhos ideais já não espanta ninguém.
Mas poderiam deixar Leonel Brizola e Darcy Ribeiro fora dessa.