Blog do Mario Magalhaes

Colégio Médici vira Paulo Freire; Castello Branco já é Vinicius de Moraes

Mário Magalhães

Perseguido pela ditadura como diplomata, Vinicius ri por último – Foto reprodução

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As escolas que mudaram de nome – Foto reprodução Twitter/@FlavioDino

 

Em meio ao noticiário repleto de gols da barbárie, a civilização acaba de marcar um golaço.

No Maranhão, mudaram de nome dez escolas com nome de militares que governaram na ditadura instaurada em 1º de abril de 1964.

A decisão, de alcance histórico e exemplar, foi do governador Flávio Dino.

Ele considerou os nomes, apontados no relatório da Comissão Nacional da Verdade, de autores de atos contra a democracia.

Foram rebatizadas seis instituições como o nome do primeiro ditador, Humberto de Alencar Castello Branco.

Duas que homenageavam o seu sucessor, Arthur da Costa e Silva.

E outras duas que reverenciavam Emílio Garrastazu Médici.

Os três foram oficiais do Exército que ocuparam o Planalto sem ter recebido nem um só voto popular.

A escolha dos novos nomes das escolas, ao contrário, teve a participação das comunidades, incluindo os alunos.

Na ditadura, imposição.

Na democracia, a soberania do voto.

A lista lá no alto mostra quem rebatizou quem, em nove municípios.

Dois centros de ensino Médici viraram Paulo Freire, o educador preso e perseguido pela ditadura.

Um Castello Branco passou a ser Vinicius de Moraes, o poeta e compositor contra quem, na condição de diplomata, a ditadura aprontou no Itamaraty.

Saem de cena personagens em cujos governos cidadãos brasileiros foram mortos no horror da tortura.

E entra quem escreveu versos como ''E de te amar assim, muito e amiúde/ É que um dia em teu corpo de repente/ Hei de morrer de amar mais do que pude''.

A decisão de Flávio Dino deveria inspirar todos os governantes que dizem rejeitar o entulho autoritário da ditadura, mas permitem que crianças e jovens frequentem estabelecimentos que celebram tiranos.

Nem tudo está perdido.

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