Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : março 2015

O último jogo do moicano
Comentários Comente

Mário Magalhães

blog - lance capa leo mora

Os colegas do “Lance!” capricharam na capa da edição carioca de hoje, dedicada à despedida do Léo Moura.

Em homenagem ao capitão rubro-negro, o time faz à noite um amistoso no Maracanã, contra o Nacional, de Montevidéu.

Festa merecida, gratidão muita.

Valeu, Léo!

( O blog está no Facebook e no Twitter )


A dialética dos ladrões
Comentários Comente

Mário Magalhães

Ouvido em meio à operação Lava Jato…

Tese:

Fulanos gritam para sicranos: “Vocês roubaram!”

Antítese:

Sicranos respondem para fulanos: “Mas vocês também roubaram! E roubaram antes!”

Síntese desmiolada:

Então não se pune ladrão algum.

Síntese escrupulosa:

Roubou, em qualquer tempo, antes ou depois, mais ou menos, tem de ser punido.

Lições históricas:

1) as mesmas tropas empresariais e políticas que se opuseram ao monopólio estatal do petróleo e à criação da Petrobras continuam até hoje conspirando contra os interesses públicos na maior companhia do país;

2) muitos batalhões que por décadas combateram pela defesa do patrimônio público resolveram, a despeito de não anunciarem a virada, privatizar à sua moda a Petrobras;

3) as tropas e batalhões, embora com verborragias distintas, hoje militam na mesma trincheira.

E dá-lhe, roubalheira!

( O blog está no Facebook e no Twitter )


Prazer solitário
Comentários Comente

Mário Magalhães

Por Aroeira, no “Brasil Econômico”:

(O prazer é solitário, mas a fatura é coletiva.)

( O blog está no Facebook e no Twitter )

blog - bronha joaquim levy por aroeira

 


Vilanova Artigas, 100: passeio pela obra do arquiteto que criou o Morumbi
Comentários Comente

Mário Magalhães

blog - vilanova artigas fau usp

Faculdade de Arquitetura de Urbanismo-USP, criação Vilanova Artigas – Foto www.vilanovaartigas.com

 

A “Ilustrada” dedicou hoje a capa ao centenário de nascimento do arquiteto João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), a ser celebrado em junho.

Eis a reportagem de Silas Martí.

E o comentário do arquiteto Guilherme Wisnik que a acompanha.

Merece todos os brindes a genialidade do aniversariante.

O site dedicado à sua memória oferece um passeio por suas obras. Para assisti-lo, vale muito a pena, é só clicar aqui.

Sempre achei curioso que um arquiteto marcado pelas retas tivesse como criação mais conhecida o Morumbi e suas curvas.

Curvas eram característica da prancheta de Oscar Niemeyer, correligionário de Vilanova Artigas, ambos comunistas de carteirinha.

Velho papo de bar: é claro que não existe um arquiteto melhor, a despeito da maior projeção internacional da Niemeyer. Mas eu sempre gostei mais da estética das linhas retas do Vilanova Artigas, embora saiba que a vida não se escreve com réguas.

( O blog está no Facebook e no Twitter )


Assista aqui: ‘Verdade 12.528’, um filme para a história
Comentários Comente

Mário Magalhães

blog - verdade 12.528

 

Boa notícia: está liberado o filme “Verdade 12.528”, de Paula Sacchetta e Peu Robles.

Para assistir ao documentário de 2013, basta clicar aqui.

O título é uma referência ao número da lei que instituiu a Comissão Nacional da Verdade.

O filme fala das pessoas que a ditadura matou, dá voz a quem perdeu os seus e a quem batalhou contra a tirania.

Ouve integrantes da CNV, durante os trabalhos da comissão, mas não é obra chapa-branca: oferece o microfone a críticos e descrentes.

Em 54 minutos, mergulha nas feridas não cicatrizadas de um país que às vezes parece fingir que a dor ficou para trás.

Um belo doc, que merece ser exibido nas escolas, para ensinar um balanço sincero da história.

( O blog está no Facebook e no Twitter )


Philip Roth e a crise brasileira
Comentários Comente

Mário Magalhães

blog - philip roth indignação

 

Não direi quando, em que circunstâncias ou na boca de quem aparecem as palavras abaixo, porque odeio spoiler e posso estragar a surpresa. Trata-se de trecho do romance “Indignação”, de Philip Roth, com tradução de Jorio Dauster na edição da Companhia das Letras:

“[…] vinha fazendo tanta força para lhe ensinar havia muito tempo: a forma terrível e incompreensível pela qual nossas escolhas mais banais, fortuitas e até cômicas conduzem a resultados tão desproporcionais”.

Vale para o peão mal mexido que resulta em xeque-mate adversário.

Para o veterano que, já alquebrado, decide regressar às manobras de skate da juventude, bate com a cabeça no meio-fio e morre.

Ou o presidente João Goulart, que escalou o fanfarrão general Assis Brasil para comandar o seu dito dispositivo militar, e deu no que deu.

E ainda Fernando Collor, que fez uma graça, convocando seus partidários a saírem de verde-amarelo às ruas e precipitou a queda, com os brasileiros desfilando de preto num domingo memorável.

Antes que alguém implique com o título lá em cima, um país no qual o Eduardo Cunha manda tanto só pode estar em crise. Ou não?

Não quero dizer que o doce de leite comprado pela presidente Dilma em Montevidéu terá consequência na vida política nacional, além de fornecer umas calorias a mais à agora moça esbelta.

Mas desconfio que pequenos movimentos, tidos como “banais e fortuitos”, com a temperatura nas alturas como está, possam ter “resultados desproporcionais” na próxima quadra histórica.

Foi por isso que me lembrei do livro do Philip Roth.

( O blog está no Facebook e no Twitter )


Feliz Natal: há 62 anos nascia Zico, o Salvador, maior craque da história
Comentários Comente

Mário Magalhães

Trecho de "Crecer a golpes", livro organizado por Diego Fonseca (C. A. Press, Penguin Group-USA)

Trecho de ‘Crecer a golpes’, livro organizado por Diego Fonseca (C.A.Press, Penguin Group-USA)

 

Parabéns pra você, Zico, e parabéns pra nós que tivemos a imensa sorte de ser contemporâneos do maior jogador de futebol de todos os tempos _ninguém duvida, né?

O trecho recortado lá no alto faz parte da crônica “Juego de la memoria”, que eu escrevi para o livro “Crecer a golpes: Crónicas y ensayos de América Latina a cuarenta años de Allende y Pinochet”, organizado pelo jornalista e escritor argentino Diego Fonseca.

Editado em 2013 pela C. A. Press, braço do Penguin Group nos Estados Unidos, o volume reúne 13 autores, além do organizador.

Tive a honra de estar ao lado de escribas que eu muito admiro, como Francisco Goldman, Leonardo Padura, Jon Lee Anderson, Carlos Dada e Martín Caparrós.

O desafio, nos 40 anos do golpe de Estado que derrubou Salvador Allende no Chile, era fazer um balanço das quatro décadas mais recentes de países latino-americanos, além de Estados Unidos e Espanha.

Ao contar o Brasil em 17 páginas, pontuei nossa história com a trajetória do Zico e a reverência de um menino, depois adolescente e mais tarde adulto de cabelos brancos por ele _eu mesmo.

Hoje o Salvador faz 62 anos.

Talvez não fosse o caso de celebrar, pois a eternidade não se conta em anos.

E o Zico é eterno.

Em todo caso, tim-tim.

( O blog está no Facebook e no Twitter )


‘Psiu’: dias de cão no cinema ameaçam enlouquecer espectadores
Comentários Comente

Mário Magalhães

O André Barcinski, que já foi correspondente em Los Angeles, desistiu.

O Luis Fernando Verissimo, com toda aquela pinta de discípulo budista, não perdeu a piada, mas perdeu a paciência.

O comportamento primitivo de quem supõe ser o cinema a extensão da sala doméstica está enlouquecendo muita gente.

Quinta-feira passada, sessão noturna de “Birdman”, sala 1 do Estação Botafogo.

Um barulhinho chato de chamada começa a tocar e a incomodar.

Toca mais, e é chato pra caramba, de fato incômodo.

Até uma espectadora, supondo ser um celular a origem do ruído, apela lá atrás, “psiu!”, mas não um “psiu” bossanoviano, light, e sim um esporro de quem também não aguenta mais.

Até que o plano-sequência do diretor Alejandro González Iñárritu esclarece de onde vem o barulho: era o computador do personagem de Michael Keaton que o alertava para uma chamada, vinda de sua filha, vivida por Emma Stone.

Todo o público riu da moça que bronqueou.

Mas muitos a entenderam.

Está difícil suportar falação, luz de smartphone, chutes na cadeira e outros desrespeitos.

( O blog está no Facebook e no Twitter )


Gafe: no Rio, Dilma inventa divisão social entre ‘morro e litoral’
Comentários Comente

Mário Magalhães

Tudo bem que a presidente tem mais com o que se preocupar.

Também sei que sua cabeça deve estar fervilhando de problemas e dilemas.

Mas é muita gafe chegar ao Rio, na festa dominical pelos 450 anos de fundação da cidade, e dizer o seguinte: “É preciso acabar com esta divisão entre o morro e o litoral. A cidade do Rio está construindo também sua unidade”.

Fecho com Dilma: a desigualdade social no Rio é pornográfica. Se está ou não “construindo” a “unidade” são outros quinhentos.

Mas imagino que ela quisesse dialogar sobretudo com cariocas, que o pronunciamento, é óbvio, os tivesse como alvo prioritário.

Aqui, presidente, as metáforas da divisão são morro e asfalto.

Quem sai da cidade para ir ao litoral são paulistanos, porto-alegrenses e moradores de lugares não banhados pelo oceano.

Sim, trata-se de forma, e não de tropeço no conteúdo. Menos mal.

Porém, é incrível a falta de sensibilidade: custa empregar os termos facilmente reconhecíveis por quem é o destinatário presumível do discurso?

Lula e FHC, certamente, não vacilariam.

( O blog está no Facebook e no Twitter )