Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : março 2015

Comissão da Verdade de SP lança relatório exigindo punição de torturadores
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Mário Magalhães

blog - comissão da verdade sp

 

Com o lema “Chega de impunidade!”, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo apresenta seu relatório nesta quinta-feira, 12 de março, a partir das 14h, na Assembleia Legislativa.

A comissão batizada com o nome do ex-deputado e desaparecido político Rubens Paiva defende, assim como fez a Comissão da Verdade nacional, julgamento e punição para os violadores dos direitos humanos durante a ditadura que vigorou a partir de 1964.

Ou seja, agentes do Estado que torturaram, assassinaram e sumiram com cadáveres de oposicionistas não merecem ser beneficiados pela impunidade que incentiva a perpetuação da barbárie.

No evento de amanhã, a comissão vai inaugurar uma plataforma virtual que aglutinará as investigações desenvolvidas e estará à disposição de todos os cidadãos.

Abaixo, o blog reproduz o release da comissão.

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12/3, 14H: COMISSÃO DA VERDADE DE SP APRESENTA RELATÓRIO DOS TRABALHOS EM PLATAFORMA VIRTUAL

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” vai apresentar o relatório dos seus trabalhos na próxima quinta-feira (12/3) a partir das 14h no auditório Paulo Kobayashi, na Assembleia Legislativa de São Paulo. Os trabalhos desenvolvidos estarão disponíveis em plataforma virtual com os 26 capítulos temáticos, 188 casos de pessoas mortas e desaparecidas, 150 recomendações temáticas, 18 recomendações gerais e o conteúdo desenvolvido por grupos de trabalho e pesquisadores parceiros.

Tudo será acessado em plataforma multimídia, com vídeos das audiências públicas, fotos e documentos levantados por esta Comissão, além dos três livros publicados: a “Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos” com a decisão do caso Araguaia; a denúncia feita por presos políticos em 1975 com nome, sobrenome ou apelido de 233 torturadores intitulada “Bagulhão: a voz dos presos políticos contra torturadores”, e o livro “Infância Roubada”, sobre crianças atingidas pela ditadura.

O projeto multimídia foi desenvolvido com objetivo de facilitar o acesso para qualquer pessoa interessada e a expectativa é de que as instituições de ensino adotem o conteúdo para que as novas gerações conheçam o que aconteceu durante a Ditadura Militar (1964-1985). A temática avalia os reflexos desse período nos dias atuais e por isso receberemos Débora da Silva, fundadora do movimento “Mães de Maio”, que luta para apurar os assassinatos de mais de 600 jovens vítimas da violência policial em maio de 2006, reflexo da cultura violenta imposta pelo regime ditatorial. Débora da Silva representará a Comissão da Verdade da Democracia, criada para investigar os crimes da atualidade.

COMISSÃO DA VERDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO “RUBENS PAIVA”


Lava Jato e Lei de Pirandello
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Mário Magalhães

O dramaturgo Luigi Pirandello (1867-1936) – Foto reprodução

 

Daria para rir, não fosse patético.

É curiosíssimo o tratamento que alguns partidos dão à lista de políticos a investigar elaborada pelo procurador-geral da República e encaminhada ao Supremo Tribunal Federal. Sim, no âmbito da operação Lava Jato, que escrutina a roubalheira na Petrobras.

Com suspeitos de enormes peso partidário e influência no governo atual e no anterior, o PT se defende como pode, esgrimindo argumentos que desqualificam o trabalho de Rodrigo Janot. Entre os nomes citados ao STF e os que seriam julgados em primeira instância, não teriam, afirmam os petistas, culpa no cartório Antônio Pallocci, João Vaccari Neto, Gleisi Hoffman, Humberto Costa, Lindberg Farias e companhia.

Porém, para apontar responsabilidades do PSDB, o PT enfatiza a inclusão do ex-governador Antonio Anastasia, apadrinhado de Aécio Neves, na lista de Janot. Sem falar nas implicações do falecido Sérgio Guerra, presidente do PSDB.

Do outro lado, os tucanos alardeiam a presença dos partidários do ex-presidente Lula no rol de candidatos a investigar. Aí, a Procuradoria fez bom trabalho.

Mas quando se fala em Anastasia, sobrevém o chilique. E a menção a Sérgio Guerra é ignorada.

O raciocínio é empregado de ambos os lados: quando a suspeição cai sobre os antagonistas, a investigação é legítima e rigorosa. Quando se trata da própria seara, denunciam perseguição, armação e conspiração.

Lembra o título de uma peça do dramaturgo italiano Luigi Pirandello, do começo do século 20, “Assim é, se lhe parece”.

A peça deveria gerar uma Lei de Pirandello: às favas com critérios que valem para todos; no caso em curso, contra os inimigos, a investigação é justa, e, contra os amigos, vilania.

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Abre no Rio exposição sobre imigrantes
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Mário Magalhães

blog - expo syrléa

 

A exposição “Entre dois mundos” abre hoje às 18h30, na galeria Gustavo Schnoor, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Fica em cartaz até 2 de abril, de segunda a sexta, das 9h às 20h. Curadoria e pesquisa são da historiadora Syrléa Marques Pereira, do Labimi (Laboratório de Estudos de Imigração).

Haverá exibição de filme, vídeo com depoimentos de 19 imigrantes de Itália, Espanha e Portugal, mostra de fotografias e objetos de quem largou a vida na Europa para tentar a sorte no Brasil.

Saiba mais abaixo, nas informações distribuídas pelos organizadores.

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Exposição: ENTRE DOIS MUNDOS

Curadoria e pesquisa: Prof.ª Dr.ª Syrléa Marques Pereira (LABIMI/UERJ/FAPERJ)

Data: 10 de março à 02 de abril de 2015, das 9h às 20h

Abertura: dia 10 de março, terça-feira, às 18h30

Local: Galeria Gustavo Schnoor – Centro Cultural

Rua São Francisco Xavier, 524 – Maracanã

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ENTRE DOIS MUNDOS

 

“Viver um pedaço em cada país, em cada lado, em cada lugar”

Aurora Cardezo Ferreiro (1940), Espanha.

Esta é uma metáfora do sentimento dos imigrantes: viver entre dois mundos. Dita em português, espanhol ou italiano, esta frase resume a ideia desta mostra: dar voz a pessoas que deixaram as suas terras natais para continuar a vida no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro.

Recolhidos durante quase cinco anos, os depoimentos orais de imigrantes e seus descendentes nos falam de suas antigas aldeias e da aventura de cruzar o Atlântico, mas também relembram histórias de luta em solo tupiniquim, com pitadas de orgulho e saudade. Narrativas que reconstroem trajetórias de vida do fim do século XIX e meados do século XX, mas também algumas que acabaram de se iniciar.

Suas memórias e as fotografias de família expostas imortalizam casamentos, batizados dos filhos, aniversários, almoços e passeios. Como, também, as atividades laborais que desenvolveram: as trouxas de roupas que lavaram, as vestimentas que costuraram, as casas que cuidaram, o público que atenderam nos balcões, as máquinas que operaram, as colheitas que fizeram, as mercadorias que venderam.

Em um mundo que convive com os problemas de xenofobia e racismo, suas vozes nos lembram que a mobilidade de mulheres e homens é histórica e uma condição imposta para a sobrevivência humana.

 “Obrigada por me procurar”.

Maria Alcina Marques Rafael(1950), Portugal.

Aqui estão reunidas narrativas orais recolhidas por meio de entrevistas e fotografias  doadas para reprodução (viva a tecnologia!), entre 2010 e 2015. Este material constitui um acervo histórico organizado com a imprescindível participação de 10 alunas(os) estagiárias(os) dos Cursos de Ciências Sociais e Relações Internacionais no LABIMI.

Este trabalho é dedicado a todas e todos imigrantes e descendentes que gentilmente me narraram suas histórias de vida. Especialmente, para Giomar Josefa Sanroman Solleiro e Henriqueta Villa Alvarez Cupolillo, que não tiveram tempo de ver as nossas tardes cheias de histórias e muitas fotografias transformadas em versos e poemas de vida.


Dilma erra demais, parece zonza e fornece munição ao golpismo
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Mário Magalhães

Dilma, com Ana Maria Braga: presidente tem errado o ponto – Foto Divulgação/TV Globo

 

Foram pífias as declarações de Dilma Rousseff, nesta segunda-feira, ao tratar do panelaço da véspera, promovido por cidadãos que não haviam votado nela em outubro e continuam, como é seu direito, esperneando contra o governo.

Indagada sobre o impeachment a ser reivindicado em protestos programados para o domingo, a presidente constitucional tinha duas opções: calar, de modo a não dar corda ao movimento, ou repudiar a conspiração com palavras à altura do que se propõe: trata-se de golpismo, promoção de golpe de Estado, uma aberração ocorrida pela última vez há 51 anos e cujo conteúdo é desprezar a legitimidade da manifestação soberana dos brasileiros nas urnas.

Em vez disso, Dilma falou em tom leve sobre “ruptura democrática” e “terceiro turno”.

Ao não pronunciar os substantivos golpe e golpismo ela se recusou a chamar as coisas pelo nome.

Levantou a bola para os adversários cortarem, ao dizer: “Eu acho que há que caracterizar razões para o impeachment”.

Por que não proclamar que, como não há razões para o impeachment (inexistem indícios sobre o envolvimento presidencial em falcatruas), sugeri-lo equivale a estimular golpe de Estado?

Os rivais mais moderados repetiram as expressões da presidente e acrescentaram o “ainda” e o “por enquanto”, duas tiradas que traem torcida e preferências (ninguém escreve “ainda” não há provas de que Aécio Neves e Antonio Anastasia operaram juntos em jogadas obscuras).

O discurso televisivo de um quarto de hora na TV, anteontem à noite, já constituíra erro de Dilma. Erro, não. Erros muitos.

O maior foi, 48 horas depois da divulgação da lista de políticos a investigar na operação Lava Jato, conforme os critérios do procurador-geral da República, ir à televisão praticamente sem tocar no assunto, a não ser em uma ou duas frases enviesadas sobre corrupção.

A presidente parece zonza, alheia ao mundo real e capturada pelas fantasias palacianas. Com a temperatura política altíssima no país, ela ofereceu uma ocasião favorável _o domingo à noite, com as famílias de classe média para cima em casa_ para que ocorresse o bate-panela.

Depois de sumir por semanas, Dilma reapareceu nos últimos dias. Mas dar as caras na TV uma semana antes das manifestações que pedem o impeachment é de uma ingenuidade pueril. Fornece munição aos seus inimigos. A tendência, agora, é o comparecimento de muito mais gente.

O conteúdo do que a presidente falou feriu o bom senso. Ao sustentar que a política econômica implementada em seu segundo mandato não ataca direitos dos trabalhadores, ela negou a realidade e confrontou os sindicalistas e militantes de movimentos sociais que preparam atos na sexta-feira, contra o arrocho _mas em defesa da democracia e a favor da soberania do sufrágio popular.

Enquanto Dilma discursava, a UFRJ decidia adiar a volta às aulas porque não tem dinheiro nem para limpar as instalações universitárias. Na tela, papo. Na realidade, consequências do mal denominado “ajuste”, proposto por Aécio na campanha eleitoral e adotado por Dilma.

O erro maior, na raiz dos demais, foi trocar o seu programa de candidata pelo do rival do segundo turno. Dilma submete-se a chantagens várias, descaracterizando o que havia de positivo em sua gestão (basta observar o aumento do imposto de renda, castigando os assalariados).

Mesmo com estratégia duvidosa, é incrível o acúmulo de erros táticos.

O que explica Mangabeira Unger no governo? Talento de administrador? Seria novidade. Ampliação da base no Congresso? Idem. O reforço de um formulador de talento? Fala sério.

Enquanto confronta raposas na Câmara e no Senado, a presidente, como já fizera no primeiro mandato, cerca-se de auxiliares com autoridade política no máximo regional.

Está brincando com fogo. Mais precisamente, com golpistas.

Hoje estamos no 69º dia do governo Dilma Reloaded. O bebê lembra o jovem Benjamin Button.

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Com 18 garotas no motel, Adriano derruba três lendas urbanas do Rio
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Mário Magalhães

Adriano Imperador Desembarque Le Havre França 31/10/2014

Tem ou não tem motivos para sorrir? – Foto reprodução

 

Mudando, enfim, de assunto, nesta segunda-feira nublada aqui no Rio, vingança involuntária do pessoal que tem de ralar e não pode aproveitar na praia o que resta do verão: nenhum outro assunto tem tanta audiência na cidade, nem os protestos previstos para esta semana, quanto a notícia do “Extra” sobre uma farra do (ex?) jogador Adriano com 18 garotas de programa.

O jornal contou que outro dia, com 60 mil reais no bolso, o imperador _o centroavante, não o homem de preto da novela_ chegou ao motel Vip’s com 18 moças e os amigos de um grupo de pagode.

Por mais que tenha rolado uma divisão fraternal e amorosa, e a considerar a informação do “Extra”, o relato derruba três lendas urbanas que haviam se espalhado:

1) que Adriano estava fora de forma;

2) que estava falido;

3) e que estava noutra.

Vejam a foto lá no alto: o garoto que está batendo um bolão tem ou não tem motivos para sorrir?

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Verissimo: o velhinho nu e o ‘ódio que impele o golpismo’
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Mário Magalhães

O filho do Erico, mandando bem – Foto Zanone Fraissat/Folhapress

 

Por Luis Fernando Verissimo, no domingo:

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Olha o velhinho!

Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres. O pacto nacional popular articulado pelo PT desmoronou no governo Dilma e a burguesia voltou a se unificar. Economistas liberais recomeçaram a pregar abertura comercial absoluta e a dizer que os empresários brasileiros são incompetentes e superprotegidos, quando a verdade é que têm uma desvantagem competitiva enorme. O País precisa de um novo pacto, reunindo empresários, trabalhadores e setores da baixa classe média, contra os rentistas, o setor financeiro e interesses estrangeiros. Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente. Não é preocupação ou medo. É ódio. Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou. Continuou defendendo os pobres contra os ricos. O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres. Não deu à classe rica, aos rentistas. Nos dois últimos anos da Dilma a luta de classes voltou com força. Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita. Dilma chamou o Joaquim Levy por uma questão de sobrevivência. Ela tinha perdido o apoio na sociedade, formada por quem tem o poder. A divisão que ocorreu nos dois últimos anos foi violenta. Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo.

Nada do que está escrito no parágrafo aí em cima foi dito por um petista renitente ou por um radical de esquerda. São trechos de uma entrevista dada à Folha de São Paulo pelo economista Luiz Carlos Bresser Pereira, que, a não ser que tenha levado uma vida secreta todos estes anos, não é exatamente um carbonário. Para quem não se lembra, Bresser Pereira foi ministro do Sarney e do Fernando Henrique. A entrevista à Folha foi dada por ocasião do lançamento do seu novo livro “A construção política do Brasil” e suas opiniões, mesmo partindo de um tucano, não chegam a surpreender: ele foi sempre um desenvolvimentista nacionalista neo-keynesiano. Mas confesso que até eu, que, como o Antônio Prata, sou meio intelectual, meio de esquerda, me senti, lendo o que ele disse sobre a luta de classes mal abafada que se trava no Brasil e o ódio ao PT que impele o golpismo, um pouco como se visse meu avô dançando semi-nu no meio do salão – um misto de choque (“Olha o velhinho!”) e de terna admiração. Às vezes as melhores definições de onde nós estamos e do que está nos acontecendo vêm de onde menos se espera.

Para ler a íntegra da coluna, basta clicar aqui.


Partidos enrolados no Sul e Sudeste: não é nordestino que não sabe votar?
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Mário Magalhães

Fulguram próceres do PP e do PT do Sul e do Sudeste na lista de políticos com investigação na operação Lava Jato pedida pelo procurador-geral da República ao STF.

No PMDB, destaca-se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aqui do Rio, o segundo na linha sucessória de Dilma (antes vem o vice Michel Temer).

Fiquei matutando: não diziam que são os nordestinos que não sabem votar?

Há nordestinos na lista de Rodrigo Janot, mas nada que se compare ao time do PP gaúcho suspeito de falcatruas.

Nordestinos, esses mal informados, como diria certo sociólogo…

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Se o parlamentarismo tivesse vencido plebiscito, o 1º-ministro seria este?
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Mário Magalhães

Eduardo Cunha, líder da bancada do PMDB na Câmara

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha – Foto Sergio Lima/Folhapress

 

Tem mais ou menos o tempo de uma geração: em 1993, um plebiscito sobre forma e sistema de governo levou os brasileiros às urnas. Escolhemos a República, contra a monarquia, e o presidencialismo, contra o parlamentarismo.

Um amigo deu o toque: caso o parlamentarismo tivesse triunfado duas décadas atrás (perdeu por uns 55% a 25% do total de votos), o primeiro-ministro seria Eduardo Cunha, o atual presidente da Câmara?

Emendei: quem sabe o presidente do Senado, Renan Calheiros?

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