Um pranto pelo direito de estudar: aulas não voltam em colégio do Rio
Mário Magalhães
Imagine o seu filho, o seu irmão ou um sobrinho, aluno do ensino fundamental ou médio, matriculado numa das melhores escolas do Rio, com tradição de excelência, e ainda por cima pública, financiada pelos impostos dos cidadãos.
Eis o Colégio de Aplicação da Uerj, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Agora pense num estabelecimento que padece com o arrocho antissocial do governo do Estado, igualzinho ao implementado pelo governo federal e tantas administrações municipais.
Com o dinheiro tendo outros fins prioritários, e não a educação, não foram pagos serviços terceirizados, como os de limpeza e segurança do CAp-Uerj.
E não são contratados professores indispensáveis para ensinar mesmo com um quadro precário, não completo, de mestres.
Então, coloque-se na situação de quem se preparou para recomeçar as aulas em 23 de fevereiro.
Mas houve um adiamento.
E depois outro.
Mais tarde, o CAp não apenas não voltou a funcionar no prazo (re)estabelecido, como já não tem data para receber os alunos.
Isso mesmo: não há prazo, data, nada.
Não acredita? Leia esta mensagem oficial da instituição, emitida na terça-feira. Mais de um mês de atraso.
A exceção são os estudantes do terceiro ano do ensino médio, menos de cem do total de 1.100 do CAp-Uerj, que regressaram às aulas na segunda passada.
Pais, estudantes, funcionários e professores protestam, mas a Uerj os recebe com trogloditas que agridem manifestantes.
Matheus Zanon, o presidente do grêmio estudantil do CAp, deu entrevista ao Laboratório de Áudio da Faculdade de Comunicação Social da Uerj (ouça clicando no quadro sob a foto no alto ou neste link):
''Eu queria muito poder falar pra vocês que no dia 25 [ontem] a gente estaria todo mundo aqui no colégio, tendo professor em sala de aula… Eu não consigo terminar esse áudio sem chorar, porque a situação tá muito difícil''.
O garoto chorou.
Chorou pelo direito de estudar.
O arrocho promovido pelos governos castiga a educação.
E cria mais desigualdade entre quem estuda no ensino privado e no público.
Enquanto isso, quem vive de juros vive cada vez melhor.