Morre Cláudio Torres, guerrilheiro do sequestro do embaixador dos EUA em 69
Mário Magalhães

Treze dos 15 presos libertados em troca de Charles Elbrick – Foto divulgação/1969
Morreu Cláudio Torres da Silva, guerrilheiro que em 1969 participou do sequestro do embaixador dos Estados Unidos. Naquele mesmo ano Torres foi preso e padeceu com a barbárie da tortura institucionalizada pela ditadura. Ficou sete anos em cana.
O corpo do gaúcho nascido há 70 anos foi encontrado ontem em São Paulo. É provável que Torres tenha morrido por causa de acidente vascular cerebral _ele já havia sofrido dois.
O velório começou na manhã desta terça-feira. Às 13h, haverá uma cerimônia de despedida, antes da cremação, no Cemitério Memorial Parque Paulista, no município de Embu das Artes.
O embaixador Charles Burke Elbrick foi raptado no Rio no começo da tarde de 4 de setembro de 1969.
No Cadillac em que ele e seu motorista se dirigiam para a embaixada, entraram quatro militantes da oposição armada: Virgílio Gomes da Silva, Manoel Cyrillo de Oliveira Neto, Paulo de Tarso Venceslau e, ao volante, o ex-líder estudantil Cláudio Torres.
Virgílio, Cyrillo e Venceslau militavam na Ação Libertadora Nacional. Cláudio, na organização que a partir de então se rebatizou como Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o MR-8.
O embaixador foi devolvido são e salvo, três dias mais tarde.
Em troca da sua libertação, os guerrilheiros obtiveram a soltura de quinze presos políticos, que partiram para o exterior.
E também lograram a divulgação pelos meios de comunicação de um manifesto denunciando a censura e a violência da ditadura.
O sequestro de Elbrick foi a ação mais espetacular da guerrilha urbana que atuou no Brasil entre o fim da década de 1960 e o princípio da de 1970.