Uma história real sobre as milícias do Rio: ‘Pra quem devo acender a vela?’
Mário Magalhães
Para não dar muito mole ao azar, digamos que o episódio tenha ocorrido na zona norte ou na zona oeste do Rio _área muita, milícias demais.
O cidadão responsável por coordenar dezenas de peões recebeu a visita de um representante de milícia cobrando propina em troca de ''segurança''.
Milícias, como se sabe, são organizações paramilitares repletas de PMs e enfurnadas no aparato estatal que chantageiam moradores e trabalhadores em troca de não intimidar, agredir, expulsar das casas, torturar, matar e sumir com os corpos.
Em seguida, apareceu um segundo representante.
Quando surgiu o terceiro, o cidadão reagiu: ''Afinal, pra quem devo acender a vela?''.
Quando os milicianos definiram um interlocutor único, o cidadão informou-os que a resposta seria dada por um superior _não sei qual foi a decisão, não perguntei, mas desconfio.
No bairro controlado por essa milícia, as quentinhas servidas a operários têm de ser de determinada empresa. O bando leva 1 real por unidade. Se alguém se recusar a encomendar do fornecedor indicado, tudo pode acontecer. Tudo mesmo.
O cidadão comentou: ''Aquilo que 'Tropa de elite 2' mostrou não é ficção, é verdade''.