Blog do Mario Magalhaes

Lava Jato e Lei de Pirandello

Mário Magalhães

O dramaturgo Luigi Pirandello (1867-1936) – Foto reprodução

 

Daria para rir, não fosse patético.

É curiosíssimo o tratamento que alguns partidos dão à lista de políticos a investigar elaborada pelo procurador-geral da República e encaminhada ao Supremo Tribunal Federal. Sim, no âmbito da operação Lava Jato, que escrutina a roubalheira na Petrobras.

Com suspeitos de enormes peso partidário e influência no governo atual e no anterior, o PT se defende como pode, esgrimindo argumentos que desqualificam o trabalho de Rodrigo Janot. Entre os nomes citados ao STF e os que seriam julgados em primeira instância, não teriam, afirmam os petistas, culpa no cartório Antônio Pallocci, João Vaccari Neto, Gleisi Hoffman, Humberto Costa, Lindberg Farias e companhia.

Porém, para apontar responsabilidades do PSDB, o PT enfatiza a inclusão do ex-governador Antonio Anastasia, apadrinhado de Aécio Neves, na lista de Janot. Sem falar nas implicações do falecido Sérgio Guerra, presidente do PSDB.

Do outro lado, os tucanos alardeiam a presença dos partidários do ex-presidente Lula no rol de candidatos a investigar. Aí, a Procuradoria fez bom trabalho.

Mas quando se fala em Anastasia, sobrevém o chilique. E a menção a Sérgio Guerra é ignorada.

O raciocínio é empregado de ambos os lados: quando a suspeição cai sobre os antagonistas, a investigação é legítima e rigorosa. Quando se trata da própria seara, denunciam perseguição, armação e conspiração.

Lembra o título de uma peça do dramaturgo italiano Luigi Pirandello, do começo do século 20, ''Assim é, se lhe parece''.

A peça deveria gerar uma Lei de Pirandello: às favas com critérios que valem para todos; no caso em curso, contra os inimigos, a investigação é justa, e, contra os amigos, vilania.

( O blog está no Facebook e no Twitter )