Se Dilma estiver certa, protesto da CUT na 6ª-feira será ato de estúpidos
Mário Magalhães
A considerar o pronunciamento televisivo de Dilma Rousseff na noite de domingo, os protestos que a Central Única dos Trabalhadores, movimentos sociais e outras organizações preparam para a próxima sexta-feira não passam de obra de mentecaptos.
São inconciliáveis as opiniões da presidente e dos sindicalistas.
Dilma afirmou, em meio a eufemismos como ''correções e ajustes na economia'', ''momento diferente'', ''problemas conjunturais'' e ''armas mais duras'': ''Como sempre, protegendo de forma especial as classes trabalhadoras, as classes médias e os setores mais vulneráveis''.
A CUT e seus aliados marcaram manifestações no dia 13 de março, por todo o país, dizendo o contrário, conforme a convocação assinada pelas entidades mais representativas: ''As MPs 664 e 665, que restringem o acesso ao seguro desemprego, ao abono salarial, pensão por morte e auxílio-doença, são ataques a direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora''.
Essas medidas provisórias são recentes, pós-segundo turno eleitoral. Sintetizam a nova política econômica, comandada pela ministro Joaquim Levy.
O que Dilma considera ''correções'' configura, para os cutistas, ''ataques a direitos''.
A presidente disse que ''as medidas serão suportáveis''.
O documento da CUT, agremiação controlada por correligionários petistas de Dilma, contrapõe: ''Governo nenhum pode mexer nos direitos da classe trabalhadora''.
E, contra os ''ajustes'', eufemismo para arrocho, sugere: ''Se o governo quer combater fraudes, deve aprimorar a fiscalização; se quer combater a alta taxa de rotatividade, que taxe as empresas onde os índices de demissão imotivada são mais altos do que as empresas do setor (…)''.
O eixo do protesto, primeiro item da convocatória, são os ''direitos da classe trabalhadora''.
Se Dilma estiver certa, estúpidos sairão às praças, pois não há do que reclamar.
Mas a presidente não tem apenas o que lamentar. Com a bandeira da democracia, os sindicalistas escreveram: ''Fomos às ruas para acabar com a ditadura militar e conquistar a redemocratização do País. Democracia pressupõe o direito e o respeito às decisões do povo, em especial os resultados eleitorais. A Constituição deve ser respeitada''.
Isto é, são contra o golpe do impeachment.
A quem interessar:
– clique aqui para ler o manifesto da CUT;
– e aqui para assistir ao pronunciamento da presidente na TV.