Por enquanto, movimento pró-impeachment mais ajuda que atrapalha Dilma
Mário Magalhães
Se a mobilização virtual tiver lastro físico, com a participação nos protestos em dezenas de cidades, os atos convocados para o dia 15 deste mês devem ser as maiores jornadas pró-impeachment de Dilma Rousseff até agora.
Eventuais audiências massivas podem mudar o cenário hoje desenhado: reduzida a segmentos radicalizados e numericamente limitados, a mobilização pelo afastamento da presidente constitucional permite à petista galvanizar parcela de sua base política e social em torno da bandeira da legalidade.
Para quem não se lembra, ela foi eleita pelos brasileiros em outubro para renovar o mandato.
Em seguida, passou a fazer o que dizia que seu adversário faria. Isto é, sacrificar os mais pobres, sacando-lhes conquistas sociais obtidas nos últimos anos.
Sem as trombetas pró-impeachment, o que Dilma iria alegar para manter em torno de si aqueles que a sufragaram para cobrar contas dos mais ricos, e não de quem pouco tem?
O ''Fora, Dilma'', enquanto não constituir ameaça real ao mandato legítimo, permite à presidente pregar contra o golpismo.
É o que lhe resta, enquanto aplicar a agenda que fustigou com tanto empenho durante a campanha.
O cenário mudaria com muita gente na rua, empurrando políticos e empresários mais influentes para a aventura do afastamento de Dilma.
Se o PMDB em algum momento resolver que deseja entregar o Planalto a Michel Temer _para Eduardo Cunha seria mais complicado_, a presidente ficaria fragilizada.
E sua única saída seria buscar suporte entre aqueles que nela votaram e cujos interesses Dilma tem ignorado.