Blog do Mario Magalhaes

O que a candidata Dilma diria da presidente Rousseff?

Mário Magalhães

Dilma conversa com o líder nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) João Pedro Stedile; o MST reclama da falta de diálogo com a presidente

Outubro de 2014: a candidata e João Pedro Stedile, dirigente do MST – Foto Sergio Lima/Folhapress

Dilma Rousseff participa de posse da senadora Kátia Abreu como presidente da CNA

Dezembro de 2014: Kátia Abreu, escolhida ministra da Agricultura, e a presidente – Foto Alan Marques/Folhapress

 

Se a presidente Dilma Rousseff se dispuser a alguns momentos de sinceridade com os brasileiros, que em maioria a sufragaram em outubro para novo mandato, deveria providenciar o seguinte anúncio, caso seja bem sucedida em sua intenção de reajustar a tabela do Imposto de Renda em 4,5%:

''Acabo de assinar uma medida provisória corrigindo a tabela do Imposto de Renda, de modo diferente ao que estamos fazendo nos últimos anos, agora para não favorecer aqueles que vivem da renda do seu trabalho. Isso vai significar uma importante perda salarial indireta e menos dinheiro no bolso do trabalhador''.

Exagero? Não, a aceitar o critério da presidente exposto em maio do ano passado, quando ela apareceu na TV em pronunciamento no qual afirmou:

''Acabo de assinar uma medida provisória corrigindo a tabela do Imposto de Renda, como estamos fazendo nos últimos anos, para favorecer aqueles que vivem da renda do seu trabalho. Isso vai significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do trabalhador''.

Para quem só acredita vendo, basta clicar neste link, da TV NBR.

Em maio de 2014, Dilma já estava, ainda que não oficialmente, em campanha pela reeleição.

Na campanha, pregou como aliada dos assalariados.

Agora, garfa-os. Com reajuste do Imposto de Renda abaixo da inflação, ''aqueles que vivem da renda do seu trabalho'' pagarão mais imposto e receberão menos salário.

Também na campanha, a petista contou com a ajuda de João Pedro Stedile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Reeleita, nomeou ministra da Agricultura um dos mais ásperos adversários dos sem-terra, a representante do agronegócio Kátia Abreu.

Tudo isso não é novidade, a campanha em nome dos interesses dos mais pobres e a formação de um governo da presidente Dilma com o primeiro-ministro Joaquim Levy, recrutado diretamente no mercado financeiro.

A demonização do programa de Aécio Neves trocada por uma agenda, na essência, parecida.

Fico pensando: com toda a combatividade de campanha, bradando contra os poderosos e defendendo quem mais precisa do Estado, o que a candidata Dilma Rousseff diria da presidente Dilma Rousseff em seu segundo mandato?

No mínimo, ''estarrecida''.

Ficaria por aí?

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