Blog do Mario Magalhaes

Dupla Fla-Flu encarna revolução burguesa contra senhores feudais da Ferj

Mário Magalhães

Não é apenas civilizatório o abismo entre o presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, que xinga com palavrões os representantes de clubes filiados, e as direções de Flamengo e Fluminense: é de tempo histórico.

O tal Rubens Lopes, maioral da Ferj, expressa os interesses dos senhores feudais do futebol, cuja face mais sombria é a de Eurico Miranda, novamente o capo do Vasco.

O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, encarna nessa batalha a revolução burguesa de que o futebol nacional necessita para que não tenhamos mais de passar o domingo em frente à TV, a fim de assistir aos grandes craques brasileiros jogarem na Europa.

Na sexta-feira, em reunião entre clubes promovida pela federação, Bandeira de Mello e Marcelo Penha, assessor da presidência do Fluminense, foram alvos de impropérios pronunciados por Rubens Lopes.

O confronto se desenvolve em torno da definição pela Ferj de preços de ingressos considerados muito baixos pela dupla Fla-Flu.

Não baixos do ponto de vista subjetivo, mas insuficientes para pagar a operação do futebol profissional dos dois clubes no Campeonato Estadual inaugurado neste fim de semana.

Este blogueiro fica muito à vontade em elogiar o desempenho do cartola do Flamengo neste imbroglio, pois não tem poupado críticas ao dirigente.

No confronto em curso, Bandeira de Mello está coberto de razão. Protege os interesses da agremiação e de um futebol minimamente profissional.

Uma coisa era definir preços de entradas que acabavam deixando o Maracanã vazio. Outra é jogar com prejuízo assegurado de antemão.

Se fosse para ser mais simpático, eu sugeriria ingressos a 1 real. Ou catraca livre.

Mas daqui a pouco fará um século que o futebol profissional foi introduzido.

Se quiserem, que acabem com ele, e os grandes clubes passam a jogar o torneio de garçons no Aterro.

Sem profissionalizar _e não canibalizar_ de fato o futebol no país continuaremos com as nossas competições tão inferiores em nível técnico às de países cujas economias, a Espanha, por exemplo, são menores que a do Brasil.

Um grande erro na polêmica no Rio e considerá-la um embate entre clubes, como se rubro-negros batalhassem numa trincheira, e vascaínos, noutra.

A oposição é entre ideias _e interesses_, não entre escudos.

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