Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : fevereiro 2015

Rio, 450: ‘meu’ hino da cidade canta a bravura; salve, Almirante Negro!
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Mário Magalhães

 

O “meu” hino não é meu, e sim de João Bosco e Aldir Blanc, cantado por Elis Regina no vídeo acima.

Mas cada um elege o seu hino do coração.

Desde 2003 “Cidade maravilhosa” é o hino oficial do município do Rio.

Um senhor hino.

Como escrevi em livro, “A vida no Rio de Janeiro de 1935 se coloria de tantos encantos que só um bairrista empedernido, com aversão figadal aos cariocas, ousaria implicar com o título da marchinha ‘Cidade maravilhosa’. Consagrada no ano anterior, ela arrebatava os cordões carnavalescos nas vozes da cantora Aurora Miranda e do autor, André Filho. O Rio era mesmo o ‘coração do meu Brasil'”.

Nenhum hino informal supera, tenho cá comigo, o samba “O mestre-sala dos mares”. Aldir e João contam um dos mais comoventes épicos da história do Brasil, ou História com agá maiúsculo, a Revolta da Chibata, quando os marinheiros, quase todos negros, rebelaram-se em 1910 contra os castigos corporais na Marinha.

O líder do movimento foi o marinheiro João Cândido, celebrizado como Almirante Negro.

Assim o homem era tratado na letra original da composição, mas a ditadura, ali nos anos 1970, vetou.

O “almirante negro” virou “navegante negro”.

Os censores impuseram que “bravo marinheiro” passasse a “bravo feiticeiro”.

“Bloco de fragatas” a “alegria das regatas” e daí por diante.

Nada que frustrasse a homenagem a João Cândido e àquela gente de coragem que lutou nas águas da Guanabara.

Valentes que merecem inspirar nossos próximos 450 anos.

Ao som da obra-prima que é o meu hino do Rio.

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Rio, 450: morto pela PM aos 15, Alan simboliza covardia século após século
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Mário Magalhães

Jovem baleado por PMs grava própria morte com o celular

 

Colega do UOL aqui no Rio, a Paula Bianchi me pediu pouco tempo atrás um comentário sobre o futuro da cidade que domingo faz 450 anos. Uma das coisas que eu disse para ela é que “o Rio será tudo o que pode ser quando morro e asfalto expressarem somente topografias e culturas particulares, em vez de metaforizarem desigualdades obscenas”.

Passaram poucos dias, e policiais militares mataram a bala o jovem Alan Souza Lima, de 15 anos. Ele batia papo com amigos da favela da Palmeirinha, no subúrbio de Honório Gurgel.

O celular do Alan estava filmando a conversa, na madrugada do sábado, como se vê clicando na imagem lá no alto, na reportagem da Band.

Além de provar a covardia criminosa dos PMs, a gravação guardou para sempre os gemidos de dor do garoto agonizante.

Antes mesmo da fundação oficial do Rio, em 1º de março de 1565, os mais fortes já exterminavam os mais fracos, os índios que aqui habitavam até as caravelas europeias fundearem.

Depois, mataram os africanos escravizados e seus descendentes, a chibatadas ou de cansaço.

Teve Colônia, Império e República, ditadura e democracia, mas os capitães do mato jamais deixaram de barbarizar, também aqui no Rio.

Com o distintivo público ou abençoados pelo Estado.

Dizer “tudo como dantes” seria injustiça e ingratidão com tantas gerações que impediram que a escravidão sobrevivesse ou que ainda se trabalhasse mais de 12 horas numa fábrica _nada disso caiu do céu.

Mas os mais fracos continuam sendo mortos e exterminados.

A maioria dos relatos jornalísticos informa que Alan tinha 15 anos, porém há informação de que seriam 17.

Qual a diferença? Ele não festejará, ao contrário da cidade onde lhe roubaram a vida, mais nenhum aniversário.

O certo é que Alan era pobre e mulato.

Um carioca da gema.

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Rio, 450: nesta sexta-feira, dois retratos de generosidade e egoísmo
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Mário Magalhães

Depois que o pau comeu por aqui contra os franceses, os portugueses, novos bambambãs do antigo pedaço dos índios, proclamaram 1º de março de 1565 como a data de fundação do Rio.

No domingo, portanto, festejamos 450 anos.

Hoje, sexta-feira, deparei-me com duas expressões do que é a nossa alma.

Generosidade: gosto tanto de empadas que por certo tempo, na infância, fui chamado em casa de Mestre Empadinhas; meio século depois de ter vindo ao mundo, comi hoje a empada com mais camarões de toda a minha existência: foram cinco, numa só empada, no Bar do Elias, rua Evaristo de Veiga. Tudo bem que eram pequenos, mas foram cinco camarões!

Egoísmo: poucos minutos mais tarde, um digníssimo guarda municipal, dirigindo um veículo da corporação, saiu do estacionamento junto ao meio-fio, na rua México, derrubou um cone de orientação de trânsito, viu que derrubou, e apesar de ter visto que derrubou não se deu ao trabalho de parar e arrumar.

No geral, vão por mim, a generosidade dos cariocas dá de 7 a 1 no egoísmo.

Tim-tim.

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Na pancadaria pró e contra impeachment, um brigão usou anel de soco inglês?
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Mário Magalhães

À frente, na mão esquerda: anéis só para adornar? - Foto Domingos Peixoto/Reprodução "O Globo"

À frente, na mão esquerda: anéis só para adornar? – Foto Domingos Peixoto/Reprodução “O Globo”

 

Detalhe da foto feita por Domingos Peixoto

Detalhe da foto feita por Domingos Peixoto

 

Sei que anda difícil, mas esqueça, se possível, os méritos ou deméritos dos partidários de Dilma Rousseff e dos opositores que propõem o impeachment da presidente.

Caso busque opinião, e para seguir adiante no que o post quer mostrar, ofereço dois brindes, ao gosto do freguês:

clique aqui para assistir ao vídeo com o discurso do ex-presidente Lula no ato de anteontem “em defesa da Petrobras”, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa;

e aqui para ler um artigo do jornalista Altamir Tojal crítico a Dilma e Lula.

Outro registro: as fotografias da pancadaria que comeu do lado de fora da ABI entre manifestantes pró e contra o impeachment mostram coreografias de quem parece mais disposto a resolver divergências no braço do que com neurônios.

Vida que segue.

Eu não havia notado, mas um observador mais arguto do que eu reparou que um dos valentões apareceu quarta-feira na primeira página de “O Globo”, em imagem de autoria de Domingos Peixoto, esbanjando anéis na mão esquerda.

Parecem anéis de metal.

O soco inglês e suas variantes multiplicam o estrago do golpe.

Por isso são considerados armas brancas.

Será que o dito manifestante foi ao protesto portando anéis de ferro?

Por vaidade?

Será que algum repórter lhe perguntou?

E por que os policiais não apreenderam a arma branca, caso fossem mesmo anéis destinados a ferir?

Deveriam ter apreendido, como julgou um magistrado.

Sem contar as consequências legais de agressão, seja do lado A, do lado B ou do lado Z.

E o pior é quem vêm outono e inverno pela frente.

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Obras completas do escritor Euclides Neto são lançadas hoje em São Paulo
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Mário Magalhães

 

blog - euclides neto

Vai ter debate, exibição de curta-metragem, beiju, abará, encontros e reencontros: a partir das 19h desta quinta-feira, na paulistana Casa das Rosas, será lançada em 13 volumes a obra completa do escritor Euclides Neto (1925-2000).

Não se assuste se você nunca ouviu falar no romancista, novelista, contista, cronista, dicionarista (de expressões das roças do cacau e da criação de gado no Sul da Bahia), observador e intérprete da história, além de tremendo memorialista: pouca gente ouviu, além das terras baianas onde o escritor nasceu e viveu.

Mas saiba também que não sabe o que está perdendo.

Ou estava: a parceria da Edufba com a Littera Criações, sob o comando editorial de Denise Mendonça Teixeira, filha do autor, produziu uma coleção no capricho. Acrescentou aos originais de Euclides Neto informações biográficas, fortuna crítica, mais luz ainda onde já brilhavam literatura e ideias.

O advogado Euclides José Teixeira Neto foi prefeito no interior baiano e secretário de Estado. Criava cabras e se dedicava a promover reforma agrária. Escrevia que só ele.

Devorei o nono volume da reedição dos seus livros, “O menino traquino: Crônicas políticas e crônicas leves”. Mais abaixo reproduzo uma delas, “A porta-estandarte”.

Euclides Neto escreve tão bem que transmite aquela sensação dos grandes cronistas, de que a crônica não é efêmera, mas pode ser longeva, talvez eterna. Um gênero grande do jornalismo e da literatura.

Para saber mais, título por título,  sobre a coleção que saiu do forno no segundo semestre do ano passado, basta clicar aqui.

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*

A porta-estandarte

Quem diria que o antigo major do Caldeirão do Miranda chegasse a tanto. Fora valente, pegara em armas, topara boi no ferrão e onça-pintada na zagaia.

A voz ecoava longe, entre as serras dos seus largos rumos.

Jogava no ombro um esteio de aroeira, com dez palmos de folha e cinco de sapata, como se fosse uma palha de licuri. As fêmeas, ele as derrubava pelos caminhos feito um jumento selvagem e, se fosse pegado no flagrante, só largava a prenda depois da função. Marrueiro brabo.

Agora, o velho Clemente não se lembrava mais de nada. caducava. Sequer acertava voltar para casa, quando saía ali pelo terreiro da fazenda, onde nascera e ainda morava desde a inauguração do século. A vista curta e as pernas trôpegas cobravam uma consulta médica especializada.

Em boa hora, portanto, os filhos resolveram levá-lo a Salvador.

Hospedaram-se em uma pensão na ladeira de São Bento. No dia seguinte, o fazendeirão começou a resmungar da zoada, da caneca de café que não saía na rompensa do amanhecer, na hora de passarinho coçar asa.

Houve um descuido da vigilância filial, e o velho ganhou a rua, que o tragou. Em agitado terceiro dia de carnaval. Quando os meninos _dois barbudos e uma solteirona, sessentões_ deram pelo desastre, ficaram aflitos. Jamais o pai acertaria a porta do hotel de volta.

Felizmente ele estava com o lindo pijama listrado, vermelho e azul, guarnecido com alamares laranja. Seria facilmente localizado na multidão.

Comunicaram à polícia e saíram procurando. Detetives foram contratados, sob a promessa de estimulante prêmio.

Pediu-se ambulância, que ficou aguardando no estacionamento, para qualquer emergência.

Aos encontrões e braçadas sobre o mar encapelado da fuzarca, reviraram a praça Castro Alves, socada de gente e trios elétricos enlouquecidos.

Nem notícia nem mandado.

Voltaram desiludidos, já noite descambada. Exatamente no momento em que apareceu uma foliã, no maior porre de lança-perfume, saracoteando como uma passista, de minissaia, batom vermelho de viúva, peruca loura, rosto estrelado de purpurina. Ainda empunhava um estandarte, com mais firmeza que um lanceiro medieval em carga contra o inimigo.

Era o destemido major Clemente que, sendo encontrado naquele pijama listrado por um bloco de meninas alegres, todas as calcinhas mais curtas que os biquínis, só teve tempo de ouvir: – Olha que velhinho animado! Vai ser nosso porta-estandarte.


Dá para resistir aos ‘brinquedos’ de Eike Batista? Eu resisti…
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Mário Magalhães

 

É, quem sabe, pode ser, corro o risco de ceder ao cabotinismo, mas as fotografias do juiz federal Flávio Roberto de Souza ao volante do Porsche Cayenne do empresário Eike Batista me trouxeram novamente à lembrança um episódio que contei de passagem aqui no blog, no post Retrato de Eike no auge: o dia, ou melhor, a noite, em que eu resisti a um brinquedo do ex-marido da Luma tão sedutor quanto os seus carrões.

(Claro que o digno magistrado só estava zelando pelo bem público, ao contrário do que pensam cabeças maliciosas e espalham línguas maledicentes…)

Pela altura de setembro, outubro de 2009, eu jantava com Eike e dois colaboradores dele no restaurante Mr. Lam, de propriedade do então postulante a terráqueo mais rico e ainda hoje a melhor cozinha asiática do Rio.

O dono apontou para o mezanino da casa à beira da lagoa Rodrigo de Freitas, onde ficava um adega metálica assim descrita no site do Mr. Lam:

“A adega Veuve Clicquot Vertical Limit da Porsche Design Studio é a única em restaurantes no mundo. Um objeto de arte nascido da tradição francesa em vinhos e a audácia inovadora de uma das líderes em design. Feita em aço escovado, mede 2,10m de altura por 60 cm de largura e possui doze prateleiras iluminadas individualmente. As portas e os ângulos são soldados à mão e é totalmente à prova de som e vibração. A temperatura é mantida constantemente a 12º, exatamente igual às adegas da Veuve Clicquot, em Reims, França”.

Isto é, outra obra-prima da Porsche, como confirma a imagem lá do alto.

Em 2007, foram produzidas, informou o fabricante, 15 unidades.

Com uma dúzia de garrafas magnum, as grandonas, em cada adega.

Só com champagne vintage, de safras supimpas, desde a década de 1950.

Adoro espumantes, tenho-os como bebida para cima, ao contrário de outras, derrubadoras e depressivas.

Não sou nenhum connaisseur de champagne-champagne, aqueles produzidos em determinado solo francês.

Mas já provei o suficiente para apreciar as viuvinhas brut, ou Veuve Clicquot, mais secas que, por exemplo, o champagne Cristal frutado que novos-ricos bebiam no Brasil do alvorecer da década de 1990, para imitar o presidente Collor.

E não é que o Eike Batista propôs que compartilhássemos uma garrafa?

Tudo porque, depois de ele falar sobre a adega, indaguei que conquista o faria abrir uma magnum.

No lançamento, em 2007, cobravam nos Estados Unidos 70 mil dólares por unidade da superadega Porsche com o líquido precioso incluído.

Não dava para aceitar o convite gentil do Mr. X.

Porque eu estava escrevendo um perfil dele para a “Folha”.

Evidentemente, baita desgraça, configuraria conflito de interesses.

Se tacasse o pau, poderiam dizer que era para mostrar independência, apesar do jabá.

Caso a reportagem soasse simpática, talvez insinuassem que eu me vendera por uns goles da safra 1955.

Questão de ética jornalística, em suma.

No final, fiquei sem passear de Porsche, ou seja, sem beber o champagne guardado noutra máquina Porsche.

Dá para resistir?

Dá, mantendo afiado o simancol, também conhecido como escrúpulos.

Por causa do passeio do juiz com o carrão, voltei a me perguntar: como deve ser uma viuvinha tão antiga?

Será que o velho espumante ainda borbulha?

Ironia: naquela noite de anos atrás, Eike Batista contou que não gosta muito de bebida alcoólica.

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Os carrões de Eike e a filósofa do esculacho: pagar multa é coisa de pobre
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Mário Magalhães

Seis carros de Eike Batista foram apreendidos neste mês - Foto Divulgação/Polícia Federal

Carros de Eike Batista foram apreendidos neste mês – Foto Divulgação/Polícia Federal

 

Como se sabe, alguns carros do empresário Eike Batista foram apreendidos aqui no Rio no começo de fevereiro pela Polícia Federal. A ordem judicial teve o propósito de assegurar R$ 3 bilhões para o pagamento de eventuais indenizações e multas.

Como se ficou sabendo agora, quatro dos cinco automóveis que vão a leilão depois de amanhã têm dez multas acumuladas, das quais nove vencidas.

Para saldar tudo, o ex-homem X não precisaria ter desembolsado nem mil reais.

O lance mínimo pelo Lamborghini _quem se habilita?_ é de um milhão, seiscentos e vinte mil reais.

O episódio me fez lembrar de um arrazoado veiculado neste verão por uma filósofa ou antropóloga amadora, ou candidata a tal, pelo menos aspirante a humorista.

A intelectual especulou sobre supostas características dos pobres, entre as quais estaria a tara por verificar a pressão arterial.

Mais tarde, a autora informou que se tratava de ironia, e não de esculacho.

Ninguém ou quase ninguém entendeu assim. Vai ver que pobre não entende ironia.

Talvez a ensaísta pudesse ter acrescentado outra mania de pobre: pagar as contas em dia, manter o nome limpo na praça.

Porque, Eike Batista dá o toque, pagar multa de trânsito não é coisa de rico, mas de pobre.

Como diria o Ibrahim, sorry, periferia.

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Baratos da Ribeiro, o sebo bacana do Rio, troca Copacabana por Botafogo
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Mário Magalhães

Em Botafogo, o bairro das livrarias, cinemas, alta e baixa gastronomia

Botafogo, o bairro das livrarias, cinemas, alta e baixa gastronomia

 

Grande notícia para os amantes da leitura e da música: a livraria Baratos da Ribeiro, um dos sebos mais acolhedores, organizados e sedutores do Rio, está de casa nova, com três vezes mais espaço que antes.

O novo endereço, um sobrado de fachada azul claro, fica em Botafogo, na rua Paulino Fernandes, 15. Dobrando a esquina, está a loja da Livraria da Travessa aberta no ano passado.

A tradicional Baratos, na rua que lhe inspirou o nome, Barata Ribeiro, em Copacabana, mantém as portas abertas até o comecinho de março.

É estranho falar em tradição de um sebo criado em 2001, no alvorecer do século. Mas os leitores cariocas sabem que a Baratos parece um patrimônio antigo da cidade, como os velhos sebos do Centro, temperado com charme contemporâneo. Também não desconhecem isso isso fãs de discos de vinil e outros encantos que encontramos na livraria.

Um problema acabou contribuindo para a mudança. Problemão: o valor despudorado dos aluguéis na zona sul. O novo imóvel sairá por muito menos que a cifra de cinco dígitos, mais perto dos R$ 20 mil que dos R$ 10 mil mensais, que o sebo pagava em Copa. E o contrato estava por vencer, viria aumento.

Não é à toa que quem atravessa as principais vias de Copacabana, Ipanema e Leblon encontra dezenas e dezenas (centenas?) de estabelecimentos fechados, tal a garfada imposta pelos proprietários.

Mesmo em Botafogo, a Baratos da Ribeiro manterá o nome que a consagrou. Faz muito bem, pois não se trata de CEP, mas de identidade conquistada.

Com mais espaço, agora há uma sala, logo na entrada, totalmente ocupada por discos. A nova casa manterá as atividades do clube da leitura, eventos literários, e no segundo andar funcionará um cineclube. A livraria abre à uma da tarde e fecha às oito da noite.

Botafogo é um bairro onde um morador sai de casa e chega rapidinho a pé a 18 salas de quatro cinemas (não entram na conta as do shopping Rio Sul), das quais 12 em cinemas de rua.

Quem vem pela praia de Botafogo e entra no Espaço Itaú de Cinema, dá com a Blooks Livraria.

Se caminha mais uns 300 metros, chega ao Botafogo Praia Shopping, onde existe uma Saraiva.

Mais um pouquinho adiante, ainda pela praia de Botafogo, e virando à direita na rua Voluntários da Pátria, contra o fluxo dos carros, no primeiro quarteirão está a Livraria Prefácio.

No segundo, a Travessa, da qual se chega à nova Baratos da Ribeiro sem precisar atravessar nenhuma rua.

Além de bairro da comilança, com alta e baixa gastronomia chegando com novos restaurantes, padarias e botecos, Botafogo é hoje um lugar marcadamente dedicado à cultura e às ideias.

Só para constar: a São Clemente, escola de samba de Botafogo, única da zona sul no grupo especial, fez bonito na Sapucaí.

P.S. 1: nem o belo sobrado da Baratos da Ribeiro, como se vê na foto lá no alto, livrou-se da maldição dos fios aéreos que enfeiam e maltratam o Rio e outros grandes centros urbanos.

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Verissimo: o sádico, a masoquista e o Eduardo Cunha presidente da República
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Mário Magalhães

O filho do Erico – Foto Zanone Fraissat/Folhapress

 

Verissimo, neste domingo, em fase muiiiiiiito melhor que a do Inter, pelo menos o Inter que não jogou nada na estreia pela Libertadores:

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Sadomasoquismo

Por Luis Fernando Verissimo

Dizem que era a piada favorita do Freud. Mulher para marido:

– Querido, se um de nós morrer antes do outro, eu juro que não caso outra vez.

Freud talvez também gostasse da piada que se tornou atual e relevante com a nova moda de relações sexuais sadomasoquistas, popularizada nos livros e na adaptação para o cinema dos tais 50 tons de cinza. O sádico casou com uma masoquista e os dois passam o tempo todo brigando.

A masoquista:

– Me bate.

O sádico:

– Não bato.

A masoquista:

– Me bate.

O sádico:

– Não bato.

– Por favor, me bate!

– Não bato.

E assim pelo resto da vida.

Uma vez imaginei uma visita do Sacher-Masoc, escritor austríaco cujos gostos deram origem ao termo “masoquismo”, ao Marquês de Sade, o escritor francês que deu nome ao sadismo. Uma visita impossível de acontecer na vida real, já que os dois não foram contemporâneos. Mas na arte, ou pelo menos nas piadas, tudo é permitido.

De Sade oferece a Masoc:

– Chá? Está fervendo.

– Aceito, obrigado.

– Vou lhe dar uma xícara.

– Não precisa. Pode ser na mão mesmo.

– Hummm – diz de Sade. – Sinto que este pode ser o começo de uma bela amizade.

Falando em sadismo, não quero assustar ninguém, mas já se deram conta que, se o golpismo que anda à solta conseguir tirar a Dilma do poder, só um Michel Temer nos separará do Eduardo Cunha na presidência da República?

Para ler a íntegra, basta clicar aqui.