Quando falam em ‘austeridade’ e ‘ajustes’, governos tentam esconder arrocho
Mário Magalhães
Em pleno ano de 2015, os governos ainda recorrem ao surrado recurso de não chamar ''arrocho'' pelo nome, preferindo ludibriar a audiência com os eufemismos ''ajuste'' e ''austeridade''.
Quando as administrações cortam despesas com educação, saúde e segurança, estão arrochando a população que depende de serviços públicos para ter uma vida menos sofrida e progredir.
Ao subtrair reais do salário mínimo ou tornar mais difícil o acesso ao seguro desemprego, o arrocho castiga os trabalhadores.
A corda do ''sacrifício'' arrebenta do lado mais frágil.
''Ajuste'' e ''austeridade'' são palavras bonitinhas, não ferem ou incomodam, nem cócegas fazem.
Os eleitores gregos não se apuseram à ''austeridade'', e sim ao arrocho.
''Arrocho'', ensina o Houaiss, é:
* ''pedaço de madeira, torto e curto, usado para torcer e apertar as cordas que fixam fardos, cargas etc.;
* por extensão, qualquer coisa que sirva para atar ou apertar;
* situação de emergência que exija sacrifícios, especialmente os de ordem financeira''.
Os governos _de Dilma a Pezão, de Alckmin a Sartori_ estão arrochando sem dó, sobretudo os mais fracos, no país de desigualdade obscena que é o Brasil.
Não empregam a expressão arrocho por medo das reações dos mais prejudicados e devido à hipocrisia atávica dos políticos.
Então, numa palhaçada maldosa, falam em ''austeridade'' e ''ajustes''.
Com a cumplicidade costumeira do jornalismo, que só é crítico _e põe crítico nisso_ quando quer.
Palavras são navalhas, já cantava o Belchior.
Estão aí para serem empregadas honestamente. Basta querer.