Imagine se um filho ou neto de Lula fosse nomeado ministro aos 23 anos…
Mário Magalhães
O ex-presidente Lula foi o antecessor e padrinho de Dilma Rousseff na ascensão ao Planalto.
O ex-governador Sérgio Cabral foi, igualmente, o antecessor e padrinho de Luiz Fernando Pezão na ascensão ao Palácio Guanabara.
Imagine o escândalo nacional, esgoelado em prosa, verso e palavrões, que seria a nomeação, por Dilma, de um filho ou neto de Lula para ministro de Estado. Com tal ministro na flor dos 23 anos de idade.
Escândalo merecido, barulho muito seria pouco, digna indignação.
Não, nenhum Silva Junior ou Silva Neto foi consagrado ministro pela presidente, amém.
Mas o governador Pezão escalou para o seu secretariado Marco Antônio Neves Cabral, filho do antigo governador Sérgio Cabral. No último aniversário, Marco Antônio completou… 23 anos. No Facebook, o secretário informa ser ''formando em Direito''.
Ele não pegou qualquer rebotalho de governo, mas a Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude. Isto é, a pasta que cuidará das ações estaduais para a Olimpíada de 2016 no Rio.
Entretanto, não se viu, leu e escutou brados esconjurando escândalo algum, além dos justos, porém reduzidos protestos de sempre.
Haverá quem relativize o apadrinhamento como critério de escolha de gestor público, pois Marco Antônio se elegeu deputado federal _119.584 votos ao custo de pelo menos R$ 6,7 milhões bancados por empresas como JBS e Andrade Gutierrez (leia aqui sobre o financiamento da campanha).
Mas também haverá quem possa indicar uma centena de gestores mais qualificados que Marco Antônio, que talvez até seja um cara bacana, contudo só se tornou secretário devido aos vícios da política.
Como não é filho do Lula e imperam pesos e medidas diferentes, a grita foi pequena aqui no Rio.
Só para lembrar: o Império, quando o poder passava legalmente de pai para filho, despediu-se em 1889.