Com aumento de 13% nas passagens, governo do Rio zomba de protestos de 2013
Mário Magalhães
Só se passaram 19 meses, mas parece que aqueles protestos têm a idade do Rio, 450 anos: em junho de 2013, depois de centenas de milhares de pessoas acorrerem às ruas também contra o aumento da passagem de ônibus de R$ 2,75 para R$ 2,95, o prefeito Eduardo Paes revogou a garfada.
As mobilizações não eram apenas por 20 centavos, mas os 20 centavos detonaram a explosão e galvanizaram as multidões de vozes distintas.
Como se zombasse dos cariocas que foram à luta há tão pouco tempo, a prefeitura determinou aumento de 13,3% nos bilhetes dos ônibus municipais, a partir deste sábado: amanhã a passagem pula de R$ 3,00 para R$ 3,40.
É muito mais do que o aumento do salário mínimo, 8,8%.
Em fevereiro de 2014, a tarifa já havia subido de R$ 2,75 para R$ 3,00. Relatório do Tribunal de Contas do Município observou à época que as informações disponíveis sobre custos da operação nas empresas sugeria não aumentar, mas diminuir para R$ 2,50 _e bom lucro seria apurado.
O TCM ficou de assegurar uma auditoria externa nas empresas, e o caso ainda se arrasta como novela de sucesso que o autor tem de esticar por ordem da emissora.
Não são somente os 40 centavos.
Em 2012, o candidato à reeleição Paes prometera que toda a frota de coletivos seria equipada com ar condicionado até 2016. E tem justificado ''reajustes'' (entre aspas, porque se trata de aumentos) com o desembolso dos empresários na refrigeração dos veículos.
Pois agora o prefeito reconhece que em 2016 a cidade das sensações térmicas de 50 graus pra cima estará longe de ter 100% dos ônibus com ar. Hoje a taxa está em 27%, com índice maior nos bairros com moradores mais endinheirados, na Zona Sul.
O Estado não ficou muito atrás: as tarifas de ônibus e vans intermunicipais subirão 12,46%.
Brasil afora, governos e empresários, numa parceria promíscua, se aproveitam das férias para imporem abusos em temporada imprópria para organizar manifestações _porém algumas devem acontecer.
A lição da história é a de sempre, nos quatro séculos e meio aqui do Rio: os de cima aprontam sem constrangimento e só param quando os de baixo esperneiam.