Gastando sola (2): boyzinho dá ré criminosa e atropela mulher em Botafogo
Mário Magalhães
Ninguém me contou, eu estava ali, rumo ao Aterro, para encarar dez quilômetros de corrida. Meninos, eu vi: pelas nove e meia da manhã de sábado, um motorista surtado engatou uma ré criminosa na rua São Clemente, uma das duas longas vias que cortam Botafogo e o fazem ser avacalhado como ''bairro de passagem'' por línguas maldosas.
Vi quando uma mulher foi atropelada pelo SUV com placa de Angra dos Reis e atirada ao asfalto.
E vi quando as pessoas mais próximas a socorreram e ergueram, coberta de escoriações.
E quando o motorista de barbicha saiu do carrão e se pôs a chorar ao ver o feito da sua insanidade.
O garoto com pinta de playboy acelerou numa ré maluca, no limite da velocidade, por uns cem metros, na rua de mão única, em busca sei lá de que caminho, pois inexistia opção.
Achou que era o dono da São Clemente.
Era óbvio que a manobra era proibida, impossível, arriscada, colocava em risco pedestres e outros veículos.
Foi tão covarde o atropelamento que não resisti e falei pro boyzinho, com a serenidade que me restava: ''Cara, se tu 'quer' te matar, nada contra, mas não mata quem não tem nada a ver com isso''.
As boas almas presentes me recriminaram: ''Ele está chorando, já aprendeu a lição''.
Como a senhora atropelada conseguiu caminhar, não deu polícia, guarda municipal, registro, punição ou constrangimento legal para o motorista. Pelo menos enquanto eu ali permaneci.
Pra não dizer que não observei, ponto pro boyzinho: ele teve a dignidade de não fugir.
Tomara que tenha aprendido mesmo a lição.