Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : novembro 2014

Valeu, Zumbi!
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Mário Magalhães

 

Ainda hoje, e para sempre, de arrepiar: “Kizomba, a festa da raça”, de Luiz Carlos da Vila, Rodolpho e Jonas, o samba-enredo que empurrou a Vila Isabel ao título do Carnaval de 1988.

Para ouvi-lo, neste Dia da Consciência Negra, basta clicar na imagem no alto ou aqui.

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Marcolas ideológicos e impeachment, por Janio de Freitas
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Mário Magalhães

Por Janio de Freitas, hoje na “Folha”:

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Mudar para continuar

Um escândalo é um escândalo, não é uma solução. O otimismo, que não é só de Dilma Rousseff, mas foi por ela sintetizado na convicção de que o escândalo da Petrobras “pode mudar o país para sempre” ao “acabar com a impunidade”, já foi submetido a muitos testes. E não passou por nenhum.

No caso extremo dessas esperadas mudanças a história oferece a fileira de golpes de Estado, consumados ou não. A cada recuperação do regime legal estuprado pelos militares, “nunca mais haveria golpe”. Até vir o seguinte.

Entre nós, na melhor hipótese, mudam-se os métodos. Já na primeira eleição com princípios democráticos, pós-ditadura militar, exibiu-se o golpe eleitoral preventivo. Solucionou o temido risco de violência civil, em dimensão nacional, contra a conspiração e o golpe militar no caso da possível eleição de Lula. Agora mesmo passeia pelas ruas de São Paulo uma gangue de marcolas ideológicos pedindo um golpe sob a forma de impeachment.

Passa-se o mesmo com a impunidade. Além de não acabar só porque a prisão de empreiteiros seria exemplar, assume no próprio escândalo da Petrobras uma nova face, para facilitar-lhe a permanência. A delação premiada é uma forma de impunidade. O patife delata alguns comparsas, devolvem o que ninguém sabe se é o todo do que furtaram, e vão viver em casa como aposentados ricos (o que devolveram não inclui o que ganharam com uso do dinheiro furtado, nem há quem saiba qual foi esse ganho total). Em palavras de Rodrigo Janot, que mantém um desempenho muito acima de seus dois últimos antecessores como procurador-geral da República, e falou à Folha:

“Eu só não aceito perdão judicial [no acordo de delação]. Se for um crime que tenha já [direito a] semiaberto, sempre que for possível eu vou botar no aberto. Vá cumprir pena em casa, sem problema nenhum”.

Importante na delação premiada não é a conduta criminosa, antissocial, é a recuperação do valor furtado –o dinheiro ou o bem valioso posto como valor acima de todos. Só o preconceito moral distinguirá o cidadão honesto do criminoso premiado pela delação. E pelo investimento do furto, porque, entre os dois, o tolo não é ele.

Ainda assim, um outro otimismo ruiu aos primeiros depoimentos de empreiteiros presos. Negaram-se a responder aos inquiridores, contrariando a convicção dos controladores da Operação Lava Jato, exposta por Rodrigo Janot, de que as prisões levariam os empreiteiros “a falar mesmo”. Se não respondem, não aceitam a delação premiada. Se não a aceitam, o comprometimento dependerá de que o delator-acusador prove o que disse ou investigações policiais consigam fazê-lo. Dificuldade que, no caso dos grandes corruptores da administração pública, não costuma perturbar a impunidade, aqui ou lá fora.

Para ler a coluna na íntegra, basta clicar aqui.


Hoje, no Recife: projeção e debate sobre filmes do gênio Chris Marker
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Mário Magalhães

blog - chris marker

Imagem de “On vous Parle du Brésil: Tortures”, filme de 1969

 

Um dos mais criativos cineastas de todos os tempos, aclamado por muita gente boa como o maior documentarista do cinema, o diretor francês Chris Marker (1921-2012) terá a obra celebrada e discutida na noite desta terça-feira (18 de novembro) no Recife.

A partir das 20h, o cinema da Fundação Joaquim Nabuco exibirá dois curtas de Marker dedicados ao Brasil e realizados na quadra mais sombria da ditadura: On vous Parle du Brésil: Tortures (1969) e On vous Parle du Brésil: Marighella (1970).

Depois da projeção rolará um debate, do qual terei o prazer de participar.

A entrada é gratuita.

Abaixo, reproduzo o release da Fundaj.

Até logo mais!

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Obras do francês Chris Marker mostram ditadura e o mito Marighella

Em referência aos 50 anos de Golpe Militar, o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, por meio da Coordenação de Artes Visuais, vai exibir os curtas On vous Parle du Brésil: Tortures (1969) e On vous Parle du Brésil: Marighella (1970), de Chris Marker, no dia 18 de novembro, às 20h. A projeção será seguida de debate  com o jornalista Mário Magalhães. A entrada é franca.

Chris Marker estreou no cinema co-dirigindo, com Alain Resnais, As estátuas também morrem (1953), documentário de denúncia do colonialismo. Domingo em Pekin (1955) foi seu primeiro filme solo. Em 1962, fez La Jetée, possivelmente seu filme mais celebrado, junto com Sans Soleil (1983). Sobre ditaduras na América Latina, o diretor também filmou o curta On vous Parle du Chili: Ce que Disait Allende (1972). Em 2012, a Fundação Joaquim Nabuco recebeu a exposição O Legado da Coruja (L’héritage de la chouette), com vídeos da série homônima, do francês.

On vous Parle du Brésil: Tortures (Fra, 1969). De Chris Marker.  Sinopse: No dia 4 de setembro de 1969, um grupo de revolucionários brasileiros sequestra o embaixador os Estados Unidos. Em troca de sua liberdade, eles exigem que as autoridades brasileiras publiquem um manifesto que eles fornecem, e liberem 15 prisioneiros políticos por eles listados. Chegando em Cuba, após sua libertação,os 15 prisioneiros que escapam da tortura e provavelmente da morte, testemunham o que viram e experimentaram nas prisões brasileiras. 20 minutos.

On vous Parle du Brésil: Marighella (Fran, 1970). De Chris Marker. Sinopse: No dia 4 de novembro de 1969, Carlos Marighella é atraído para uma emboscada e é atingido por balas dos 80 policiais armados com metralhadoras. A ditadura o considerava o inimigo número 1 e esperava com seu assassinato encerrar a guerrilha urbana, bastante ativa no Brasil. Esse filme, um ano após sua morte, traça através de testemunhos de seus camaradas de luta e de seus amigos da vida a história política de Carlos Marighella. 17 minutos.


3ª, no Rio: Ricardo Gonzalez lança o livro ‘Nem a morte nos separa’
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Mário Magalhães

blog - livro ricardo gonzalez

 

Ricardo Gonzalez, um dos mais talentosos e dignos jornalistas esportivos do Brasil, lança nesta terça-feira (18 de novembro) “Nem a morte nos separa” (edição Mauad X).

A partir das 19h, na Livraria Argumento.

O livro conta a história de uma amizade e de um amor eternos, a história de Ricardo e seu filho Rafael.

A orelha é assinada por Lucinha Araújo, a incansável mãe de Cazuza.

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Um trecho reproduzido na contracapa:

“‘Filho, você sabe que tem grande autonomia para decidir seus caminhos. Eu vou sempre te dizer o que vai acontecer em cada opção que tiver. Vou te dizer também que opção eu faria. Mas quem vai escolher é você. E de uma coisa pode estar certo: viva tranquilo, seja feliz, faça o que seu coração e mente mandarem porque, se tudo der errado, eu vou estar sempre por perto pra resolver pra você.’

Como manter a última promessa diante de uma doença como o câncer? Como proteger Rafael de um mal para o qual nem os médicos têm ainda o caminho devidamente pavimentado rumo à cura? (…)

Ricardo atendeu a ligação do doutor Clóvis (…). Se tivesse ensaiado, Clóvis não teria tanto êxito na tarefa de entrar de sola e dar uma notícia a um pai sem a menor preparação. Crua. Direta. Cortante.

‘Ricardo, as notícias não são nada boas.'”

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A síntese publicada pela editora, também na contracapa:

Num dia você está no paraíso ao lado de seu filho de 21 anos. No dia seguinte, num estalar de dedos, você mergulha no mais aterrador inferno, sem que nada possa fazer para salvar a vida dele. O que se faz? Nesta obra, um relato sensível mas doloroso, porque verdadeiro, o autor mostra como devemos cuidar da relação com os filhos a cada dia como se fosse o último. O pior não avisa quando chega. E, nesse caso, é preciso a vida inteira para estar pronto.

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Dunga protege zagueiro dos 7 a 1 e queima o que não jogou no fiasco da Copa
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Mário Magalhães

Na primeira entrevista como técnico da seleção, depois da Copa de 2014, Dunga deu alfinetadas no antecessor, seu conterrâneo Scolari.

E mais de uma vez afirmou que imagem e marquetagem não devem ser prioridades dos jogadores, cuja preocupação essencial _de acordo_ tem de ser com o desempenho futebolístico.

O que mais chama a atenção no momento da equipe, com Thiago Silva frustrado com o banco e a perda da braçadeira de capitão, não é a queixa do zagueiro, compreensível, bem como é legítima a escolha de Neymar para assumir o posto.

O incrível é que à contusão e ao molho de Thiago, ocorridos na retomada das atividades pós-Mundial, seguiram-se um gelo do treinador nacional contra o grande zagueiro.

Titular é David Luiz, que teria sido, conforme comentaristas, o alvo principal do alerta de Dunga para o excesso de publicidade e exibicionismo.

Que Miranda merece estar na seleção, não há dúvida, e aqui mesmo no blog eu considerei um erro sua ausência da Copa _escrevi isso antes da competição.

Nosso maior fiasco em todos os Mundiais ocorreu nos 7 a 1, quando Thiago não jogou (Dante o substituiu) e David Luiz foi muito mal, a começar do seu vacilo no primeiro gol alemão _ele era o marcador de Müller, que se desvencilhou facilmente.

O cartão que tirou Thiago da partida era evitável, bem como sua tremedeira na decisão por pênaltis nas oitavas deu a entender que fraquejava como capitão.

Mas ele não estava nos 7 a 1.

Agora, Dunga mantém como titular um dos protagonistas do tropeço supremo, que também se mostrou péssimo nos 0 a 3 da disputa do terceiro lugar.

Uma das lições da Copa é que a condição do simpático David Luiz como grande zagueiro é miragem, como já desconfiava José Mourinho (o zagueiro pode vir a evoluir, claro).

Não se trata de justiça ou injustiça, mas de escalar o melhor: Thiago Silva é mais jogador que David Luiz. E pode jogar com Miranda.

Manter David na equipe significa relativizar os 7 a 1 e reeditar um equívoco de Felipão.

O Brasil de Dunga está dando show, alguém haverá de dizer.

Melhor que vença, respondo, mas esses jogos valem muito pouco e acabam nos iludindo, como nos enganamos com o título da Copa das Confederações de 2013.

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Teste anti-hipocrisia para quem esbraveja contra a roubalheira na Petrobras
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Mário Magalhães

hhhh

Por João Montanaro, na “Folha” deste sábado

 

Sugestão de teste anti-hipocrisia para os partidos que vociferam contra a roubalheira na Petrobras, tanto a comprovada quanto a que resta comprovar.

Não um teste, mas teste duplo.

Das empresas de construção e engenharia investigadas no escândalo, ao menos Camargo Corrêa (R$ 2,3 milhões), Engevix (R$ 6 milhões), OAS (R$ 52 milhões), Odebrecht (R$ 41 milhões), UTC (R$ 40 milhões), Queiroz Galvão (R$ 52 milhões) e Galvão Engenharia (R$ 14 milhões) “doaram” a candidatos que concorreram na eleição deste ano. No mínimo, 207 milhões no pleito de 2014. (Os dados acompanham reportagem de David Friedlander e Julio Wiziak, na “Folha” deste sábado.)

Os números são provisórios e se referem a contribuições oficiais, isto é, para o caixa 1. Se alguém pensa que o caixa 2 acabou, está enganado.

Como inexiste “doação”, e sim investimento, eis a primeira questão:

1) os partidos e seus filiados que condenam o esquema criminoso e promíscuo entre empreiteiras-partidos-políticos-executivos-Petrobras aceitaram receber dinheiro das empresas mencionadas na investigação?

De acordo com a resposta, há ou não hipocrisia na justa grita contra a corrupção.

Como ficou evidente que o financiamento privado de campanha, sobretudo por pessoas jurídicas, resulta em maracutaias de gestores públicos, eis o segundo exame para diagnosticar comportamento hipócrita:

2) os partidos e seus filiados que esperneiam contra a mão leve _e pesada_ na Petrobras concordam que já é hora de extinguir o financiamento de campanha com recursos particulares?

Duas perguntinhas bem simples, que permitem identificar quem fala sério contra a roubalheira e quem só chia da boca para fora.

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Colégio Pedro II faz homenagem a ex-alunos mortos na ditadura
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Mário Magalhães

 

blog - cp ii mortos ditadura

 

Uma das mais tradicionais instituições de ensino do país, o Colégio Pedro II prestará na próxima sexta-feira (14 de novembro) uma homenagem a nove ex-alunos mortos durante a ditadura. Todos combateram, cada um à sua maneira, o regime instaurado em 1964 e perderam a vida naquela quadra sombria.

A cerimônia de entrega do título “Aluno Eminente” começa às 18h, no salão nobre do Campus Centro do CP2 (rua Marechal Floriano, 80).

Entre os homenageados estão Alex de Paula Xavier Pereira e Marcos Nonato Fonseca, cujas histórias eu tive a honra de esboçar na biografia “Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras, 2012).

Guerrilheiros da Ação Libertadora Nacional, Alex e Marcos foram assassinados por agentes da ditadura.

Bem como Lincoln Bicalho Roque, militante do Partido Comunista do Brasil morto em 1973 na tortura, mesmo destino de alguns antigos colegas cuja memória será celebrada na sexta-feira.

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