Dois mistérios do Flamengo e de Luxemburgo
Mário Magalhães
O ano acabou para o Flamengo.
Ganhamos o Campeonato Estadual, sobrevivemos até a semifinal da Copa do Brasil, e no Campeonato Brasileiro não venceremos, cairemos ou conquistaremos um lugar na Libertadores.
Em suma, uma temporada sem tragédia e brilho. Isto é, medíocre.
No empate dominical de 2 a 2 com o Sport, ressurgiu o fantasma da quarta-feira, no 1 a 4 contra o Atlético: até o finzinho triunfávamos, mas fraquejamos.
Ontem, vencíamos com folga, pertinho do apito final, e o rubro-negro pernambucano nos sapecou dois gols tardios, aos 43 e 46 minutos.
Dois mistérios para os quais alguém, não eu, talvez tenha respostas:
1) Por que Vanderlei Luxemburgo escalou Elton desde o início, depois do insucesso do centroavante no segundo tempo que jogou contra o galo?
Para quem observa de longe, Elton é um simulacro do jogador de outras épocas. Por que o técnico aposta nele?
Os treinadores costumam reclamar de críticos que não acompanham o cotidiano do clube e por isso ignoram potencialidades e fragilidades do elenco.
Estão certos. Até hoje lamento que na Copa de 98 o grande Zagallo tenha insistido com o decadente Bebeto, em vez de lançar Edmundo. Nos treinamentos em Ozoir-la-Ferrière, Edmundo ostentava forma esplendorosa, eu testemunhava. Por isso tinha convicção de que ele era o cara certo, e não Bebeto.
No caso do Elton, suponho que arrebente no Ninho do Urubu.
Só pode ser, porque com ele o Flamengo tem ficado com um a menos.
Mas será que o Elton mostra tanto futebol nos treinos?
Eis um mistério.
2) O outro diz respeito à opção por quatro volantes quando a equipe está na frente.
Isso aconteceu no meio da semana, e o Flamengo chamou o Atlético ainda mais, porém sem poder de contra-atacar com eficiência.
Ontem, Nixon, de característica veloz, saiu contundido ainda no primeiro tempo. O Flamengo já vencia por 2 a 0. Em vez de colocar um atacante rápido, como Igor Sartori, Luxa recorreu a Muralha, que se somou aos companheiros de posição Cáceres, Márcio Araújo e Canteros.
Mais uma vez, o Flamengo incentivou o adversário a avançar. Seria uma boa, caso houvesse quem contra-atacasse com velocidade.
Quando os dois gols derradeiros vieram, Igor, filho do querido Alcindo, já substituíra Cáceres, mas o tom estava dado: para assegurar a vantagem, o Flamengo se fincara atrás.
Em dois jogos, Vanderlei repetiu os mesmos erros.
Está meio zonzo: na coletiva de ontem, referiu-se a Mattheus com o nome do pai do meia, Bebeto.
A semana infeliz não apaga o retrospecto francamente positivo do técnico na condução do time.