Na sabatina, perguntei 4 vezes a Pezão: ‘Cadê o Amarildo?’ Veja a resposta
Mário Magalhães
Nesta quarta-feira, tive a oportunidade de pela primeira vez perguntar frente a frente ao governador do Rio e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB): ''Cadê o Amarildo?''.
Foi na sabatina UOL-SBT. Participei com os colegas Isabele Benito, Kennedy Alencar e Humberto Nascimento.
Hoje, sexta-feira, a sabatina será com o candidato Marcelo Crivella (PRB), a partir das 18h45.
A íntegra da sabatina com Pezão pode ser assistida clicando na imagem do alto ou aqui.
No vídeo, a conversa sobre o Amarildo está mais no começo, a partir de 3 minutos e 6 segundos.
Abaixo, transcrevo o diálogo.
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MM: Governador, o esquecimento é amigo da barbárie. Ontem à noite fez um ano e três meses que o operário da construção civil Amarildo de Souza foi detido por policiais da UPP da Rocinha e desapareceu para sempre. No último debate do primeiro turno, um adversário seu indagou pelo paradeiro do Amarildo. Primeiro, o senhor riu. Depois, tergiversou. Há interesse público nessa questão, o que define a legitimidade jornalística da pergunta: governador Pezão, por favor, o senhor poderia responder, objetivamente, cadê o Amarildo?
Pezão: Mário, eu ri da maneira que ele perguntou. Todo o auditório que estava ali, todos os candidatos que estavam ali riram porque ele perguntou de uma forma…
MM: Eu, em casa, não vi graça, governador.
Pezão: O quê?
MM: Eu não vi graça…
Pezão: O jeito que ele perguntou. Agora, é muito triste e cruel ter sumido esse operário. Quem cortou na própria carne fomos nós. E quem descobriu que o Amarildo tinha sido conduzido pelos policiais foram as nossas câmeras de monitoramento lá dentro da Rocinha. Um território que quando nós chegamos aqui, de 101 mil pessoas, onde as pessoas moravam ali em São Conrado, atravessavam uma avenida e caíam num mundo ilegal. Então nós descobrimos. As investigações foram nossas.
MM: O corpo do Amarildo nunca foi entregue à família.
Pezão: Mas tem uma investigação, tem policiais presos, pelo monitoramento que nós fizemos dentro dessa comunidade. Não se entrava dentro da Rocinha. Não tinha uma delegacia dentro da Rocinha Hoje você vai lá tem uma delegacia lá dentro, que permite que a gente vá lá e cumpra mandado de prisão. Tem 800 homens dentro da Rocinha. Então nós estamos investindo na segurança. Eu não quero aqui acobertar nenhum erro de nenhuma parte dos policiais. Foi chocante para o nosso governo e para a nossa polícia, para a área de segurança. A gente sofreu com o desaparecimento desse operário. E o que eu estou me propondo cada vez mais é investir na formação desse policial, melhorar cada vez mais a formação desse policial, fazer o que a gente está fazendo. Antigamente, aqui no Estado, quem ia dar instruções para um PM que ia se formar, que passou no concurso… era uma penitência, uma pessoa que tinha cometido um erro ia dar aula, era instrutor. Hoje nós temos um banco de talentos onde os professores recebem uma hora-aula melhor do que um professor da UFRJ…
MM: E eu pergunto novamente, governador: cadê o Amarildo?
Pezão: Nós investigamos, a Secretaria de Segurança investigou, os policiais estão presos, está tendo um inquérito, está seguindo o rito que manda todo o processo. Agora…
MM: Cadê o corpo para a família poder enterrar?
Pezão: Mário, sumiam não era um Amarildo nesse Estado, não. Eram diversos Amarildos por dia.
MM: O senhor tem falado isso, governador, mas pergunta é: cadê o Amarildo?
Pezão: Mário, nós estamos num regime democrático, a polícia está investigando, o inquérito está correndo…
MM: Eu nunca mais ouvi falar de investigação para encontrar o corpo do Amarildo.
Pezão: Está na Justiça, vai para a Justiça…
MM: A Justiça não investiga, governador.
Pezão: Vai ter o julgamento desses PMs, eles vão ser lá, vai ter o inquérito, seguir o processo.
MM: Isso o julgamento. Mas a investigação para encontrar o corpo e entregar para a família, para a família ter o direito de enterrar, se despedir do Amarildo.
Pezão: A Delegacia de Homicídios nossa, Mário, saiu de 4,5% de elucidação de crimes nesse Estado para 27,5%. Não é o ideal, mas o aumento é significativo. E nós estamos investindo. É um processo. Nós contratamos 1.500 policiais civis, 150 delegados, e vamos continuar a investir em segurança pública. Agora, é bom ressaltar que todas essas comunidades que nós ocupamos, onde hoje têm mais de 450 mil pessoas libertas, sumiam diversos Amarildos por dia.