Blog do Mario Magalhaes

Apoio de Marina a Dilma ou Aécio seria golpe na ‘nova política’ e na Rede

Mário Magalhães

Mais do que a palavra dos candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), a voz mais aguardada nos próximos dias é a de Marina Silva (PSB, para efeitos protocolares, mas politicamente da Rede Sustentabilidade).

A presidente e o senador passaram ao segundo turno da eleição presidencial, beneficiados pelo derretimento da ex-senadora na reta final do primeiro tempo da campanha. Mesmo assim Marina colheu um voto em cada cinco. Ela pode ser a grande eleitora do mata-mata derradeiro.

Se Marina respaldar um dos finalistas, causará espanto a milhões dos seus apoiadores e simpatizantes. Ele se construiu como candidata competitiva ao Planalto em 2010 e 2014 fermentada por uma crítica rigorosa à polarização entre tucanos e petistas.

Eles seriam a ''velha política'', a ser superada pela ''nova'', encarnada pela antiga companheira de lutas de Chico Mendes.

Como justificar a ''nova política'' abraçando um dos contendores cuja negação constitui o DNA da Rede Sustentabilidade, a nascente agremiação liderada por Marina cujo registro não ocorreu a tempo de concorrer neste ano?

A antiga ministra de Lula também condena, em pregação com amplo respaldo, que o confronto PT versus PSDB já deu o que tinha que dar. Como, agora, assumir uma trincheira neste Fla x Flu, Gre-Nal, Ba-Vi?

A multidão que, mesmo com a queda de Marina nas pesquisas, sufragou-a no domingo entenderá um tradicionalíssimo acordo eleitoral manjado da ''velha política''?

Marina Silva foi, sim, atacada de modo virulento pelo PT. Mas o PSDB também a fustigou, inclusive dizendo que, no mínimo, ela foi leniente com o mensalão petista, quando integrava o mesmo partido de Dilma.

E a ex-senadora enfatizou que Aécio foi conivente com o mensalão tucano, o primeiro mas não único, que inspirou o congênere da sigla rival.

Se Marina se pronunciar por um dos dois lados, como explicar a necessidade da Rede?

Sim, política se faz com alianças legítimas. Ocorre que a Rede surge justamente contra as siglas que ocupam o Planalto desde 1995.

Se Marina aderir a A ou a B, golpeará seu discurso de ''nova política'' e novo tipo de partido.

Dá para imaginá-la ao lado de Fernando Collor e Renan Calheiros alardeando Dilma?

Ou com José Agripino Maia e ACM Neto propagandeando Aécio?

Para Aécio e Dilma, a bênção Marina teria enorme valor político, embora sem garantia de transferência de votos. Não custa assinalar que Dilma venceu ontem no Rio de Janeiro, mas o único candidato a senador que a presidente apoiou no Estado, Carlos Lupi (PDT), amargou raquíticos 3% dos sufrágios.

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