Candidato de Dilma no RJ amarga míseros 2% na disputa pelo Senado
Mário Magalhães
No Rio de Janeiro, a disputa pelo Senado é um prato cheio para investigações acadêmicas de fôlego. Matéria-prima é que não falta à disposição de cientistas políticos.
De acordo com a pesquisa mais recente, a do Ibope divulgada na terça-feira (o Datafolha sai nesta sexta pouco depois das 19h), no Estado do Rio a candidata à reeleição lidera a intenção de voto a presidente. Dilma Rousseff (PT) tem 34%, empatada tecnicamente com Marina Silva (PSB), 32%, e muito à frente de Aécio Neves (PSDB), 13%.
Ou seja, Dilma exibe pujança, embora com desempenho aquém da sua média nacional.
Os quatro candidatos favoritos na corrida ao Palácio Guanabara estão com Dilma Isso mesmo: os quatro!
São eles Luiz Fernando Pezão (PMDB), com 29%; Anthony Garotinho (PR), 26%; Marcelo Crivella (PRB), 17%; e Lindberg Farias (PT), 8%.
Com essa bola toda de Dilma, o único candidato apoiado por ela ao Senado não ultrapassa os 2% no Ibope: o ex-ministro Carlos Lupi (PDT).
Há uma imensa massa de eleitores que sabe ser Lupi a indicação da presidente, pois isso é martelado a toda hora na TV.
Repetindo: de cada cem cidadãos em condições de votar, 34 manifestam a preferência por Dilma, e somente dois pelo candidato alardeado pela petista.
A pesquisa para o Senado mostra Romário (PSB) com 44%; Cesar Maia (DEM), com 21%; e Liliam Sá (Pros), Eduardo Serra (PCB) e Lupi igualados com 2% (a margem de erro é de dois pontos).
Embora apoie Marina ao Planalto, Romário disparou por conta do prestígio próprio e da campanha bem feita.
Cesar Maia é maior do que o seu aliado Aécio e menor do que o novo parceiro Pezão. O tucano e o sucessor de Sérgio Cabral pedem voto para Cesar na TV.
Liliam Sá colhe 2% com o mote ''a senadora do Garotinho''.
Eduardo Serra provavelmente atingiu essa marca em virtude de confusão com o nome de José Serra.
E Lupi, chefão do PDT, pronunciando o nome de Leonel Brizola sem parar e sobretudo com a chancela de Dilma na TV, não conseguiu decolar.
O cenário convida a um estudo sobre a baderna partidária. Se política se faz em torno de ideias _ou deveria ser feita_, como os correligionários Dilma e Lindberg estão com candidatos rivais ao Senado?
No horário eleitoral de Lindberg, ele transmite imagens suas ao lado de Romário.
No de Lupi, entram os anúncios com o discurso entusiasmado de Dilma, que antes de passar para o PT era filiada ao PDT, apelando pela escolha do candidato pedetista.
Outro aspecto interessante para investigação é o limite de um político para transferir votos.
A capacidade de transferência vai interferir diretamente no segundo turno.
Os sufrágios de Aécio Neves, se ele não passar da primeira volta, devem ir majoritariamente para Marina.
A questão é saber em que proporção, e isso pode decidir o pleito.
Há dúvidas sobre se eventual manifestação de Aécio a favor de Marina aumentaria a votação da ex-senadora ou seria indiferente aos olhos dos eleitores.
No caso de Lupi, desconfio que mesmo se ele fosse apadrinhado por Dilma, Marina e Aécio, juntos, não iria muito longe.