Agora, Lindberg aposta em ‘voto útil’ contra Garotinho; Cabral segue sumido
Mário Magalhães
No que parece ser a derradeira tentativa de superar a letargia da sua campanha ao governo do Rio, o candidato Lindberg Farias (PT) foi o único a apresentar mudança expressiva em sua propaganda nos últimos dias.
Além de trazer de volta à TV, em nova gravação, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo voto, o senador petista passou a apostar no apelo do dito voto útil contra o candidato Anthony Garotinho (PR).
Pesquisa Datafolha da semana retrasada mostrou o seguinte retrato da disputa: Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Garotinho com 25%; Marcelo Crivella (PRB), com 19%; e Lindberg, com 12%.
Em linha ascendente, Pezão deve fechar o primeiro turno na ponta. Caindo, Garotinho batalha para ir ao mata-mata decisivo.
Lindberg vinha com as baterias voltadas contra Pezão, querendo se consolidar como o principal nome opositor. Como isso não ocorreu, agora mira em Garotinho, sem deixar de criticar o atual governador.
O deputado federal tem a maior rejeição entre os concorrentes ao Palácio Guanabara. No horário eleitoral de Lindberg, nesta segunda-feira, começou a ser fustigado com vigor.
O ex-líder estudantil pretende difundir duas mensagens não explícitas: por um lado, teria mais chances de derrotar Pezão na segunda volta; por outro, os eleitores do peemedebista que não gostam de Garotinho poderiam, no primeiro turno, ceder o voto a Lindberg, com o propósito eliminar o ex-governador.
O problema é combinar com os russos. Garotinho reforça na reta final da campanha a lembrança dos programas sociais dos governos dele e da mulher, Rosinha. Só quem ignora a diferença entre passar fome e comer um almoço por R$ 1 num restaurante popular se espanta com o enorme respaldo de Garotinho entre os mais pobres.
Crivella, por seu lado, continua com a mesma batida de sempre: bom moço, critica moderadamente os adversários. Não parece ter maior ambição, dando a entender que participa do pleito a fim de se fortalecer para a eleição de 2016, para a Prefeitura do Rio, ou para a reeleição ao Senado, em 2018.
Enquanto antagonistas ainda se engalfinham para alcançar o segundo turno, Pezão nada de braçada. No seu longo programa na televisão, não fala mal de ninguém. Mostra obras, projetos realizados.
Mais importante, continua escondendo seu padrinho, o ex-governador Sérgio Cabral.
O sumiço de Cabral, outro político de ampla rejeição, na campanha do apadrinhado e sucessor é tão ostensivo que permite imaginar que pesquisas da campanha de Pezão indicam que o vínculo entre os dois pode provocar estragos no atual favorito.
Seja quem for o rival de Pezão no segundo turno, é previsível que venha a concentrar a campanha no mote ''Pezão é Cabral''.
Se vai ser bem sucedido, são outros quinhentos.