Blog do Mario Magalhaes

Eleições mais ideológicas para governador têm base de Dilma x base de Dilma

Mário Magalhães

As campanhas para governador com mais contraste ideológico, a considerar o barulho do noticiário, são as do Maranhão e do Rio Grande do Sul.

''Ideológico'' no sentido clássico, consagrado desde a Constituinte francesa do século 18, de direita versus esquerda.

Apesar de no Brasil, ao contrário do que ocorre na Europa, quase ninguém se identificar como de direita, atitude que empobrece a cultura política.

E de muita gente afirmar que esquerda e direita são conceitos anacrônicos _observação característica de cidadãos de direita, mesmo que assim não se reconheçam.

No Maranhão, os candidatos líderes das pesquisas são Flávio Dino (PC do B) e Lobão Filho (PMDB).

No Rio Grande, Ana Amélia (PP) e Tarso Genro (PT).

Flávio Dino, de esquerda, integra um partido que, diz o nome, assume-se comunista. A agremiação teve muitos militantes mortos e desaparecidos durante a ditadura 1964-1985.

Lobão Filho, de direita, é rebento do seu correligionário Edison Lobão. A família reza pela cartilha do clã Sarney e por ele é apadrinhada. Figura pública da ditadura, o atual ministro e pai de candidato manteve proximidade com o aparato mais repressivo do regime parido com a derrubada de Jango.

A campanha eleitoral de Lobão Filho fustiga Flávio Dino em tom semelhante ao do auge da Guerra Fria, na linha de vermelho come criancinha.

Já para as bandas do Sul a trajetória dos postulantes favoritos ao Palácio Piratini também contrastam como, no futebol, um tricolor e um colorado.

Ana Amélia, de direita, foi entusiasta da ditadura e detentora de cargo em gabinete de senador biônico (figura criada pela ditadura e indicada sem voto popular), que por acaso era seu companheiro (não sei se ainda namorado ou já marido) e filiado ao PDS, sigla herdeira da Arena, o partido da ditadura.

Já Tarso Genro, de esquerda, foi vereador do velho MDB, combateu a ditadura e acabou preso.

O confronto eleitoral gaúcho é um dos com mais nitidez ideológica em muito tempo.

O curioso é que os partidos dos quatro candidatos mencionados integram a base política da presidente da República: PMDB, PT, PP e PC do B dão respaldo parlamentar a Dilma Rousseff e se aliam na coligação que busca reelegê-la (Ana Amélia, contudo, apoia Aécio Neves (PSDB); Lobão Filho, Flávio Dino e Tarso estão com a petista).

Candidatos tão diferentes no mesmo barco _o dos partidos governistas_ são um retrato do espaçoso condomínio de Dilma e das contradições que ele encarna.

Os governos Lula-Dilma foram responsáveis pela histórica redução de pobres e miseráveis no Brasil.

Também fizeram história concedendo aos bancos os maiores lucros desde que a primeira casa financeira foi fundada no país.

E tinha gente prevendo que a campanha de 2014 não seria animada.

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