Lindberg exibe Romário na TV, mas ex-jogador ignora petista em propaganda
Mário Magalhães
O Datafolha divulgado ontem retrata a disputa para governador do Rio de Janeiro se desenvolvendo como previam meses atrás os analistas mais atentos: Luiz Fernando Pezão (PMDB) cresce, rumo à liderança no primeiro turno. E Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Lindberg Farias (PT) correm pela outra vaga no mata-mata derradeiro.
Pezão e Garotinho colhem 25% da intenção de votos, seguidos por Crivella (19%) e Lindberg (12%). Com a margem de erro de três pontos, os três primeiros empatam tecnicamente. Rejeitado por 46% dos entrevistados, Garotinho perderia hoje no segundo turno para Pezão (47% a 35%) e Crivella (45% a 33%).
Uma das poucas novidades dos últimos dias ocorre no horário eleitoral de Lindberg na TV. O petista repetiu na noite desta quarta-feira o programa da segunda, mostrando o candidato a senador Romário (PSB) em 13 imagens (planos) diferentes, em atividades de campanha comuns. Em letras garrafais, aparece o nome ''ROMÁRIO'', e em seguida ''LINDBERG'' (para assistir, basta clicar no quadro mais ao alto ou aqui).
Estacionado no quarto posto, Lindberg Farias tenta colar na imagem do ex-jogador que disparou no confronto pelo Senado, deixando muito atrás Cesar Maia (DEM).
O curioso é que, transmitido poucos minutos depois do programa de Lindberg, o de Romário ignora solenemente o dito aliado, que não tem o nome exibido na tela _o de Marina Silva passou a aparecer depois que ela embalou nas pesquisas (veja no segundo quadro ou aqui).
Ou seja: Lindberg gruda em Romário para subir, e Romário foge de Lindberg com medo de ser puxado para baixo (antes, chegou a mostrar o nome do senador do PT em seu programa, o que deixou de fazer).
Ambos integram a mesma coligação.
Além de certo amadorismo na campanha, que só agora ganha mais pegada na televisão, Lindberg sofre com a dificuldade política de explicar por que se opõe ao PMDB: dos sete anos e oito meses da administração Sérgio Cabral-Pezão, o PT passou mais de sete anos no governo, ocupando muitos cargos.
A inserção de Romário ontem na TV (aula de marketing eleitoral) provoca uma dúvida: ele diz apoiar os portadores de doenças raras. E vota em Marina para o Planalto. Para combater muitas doenças, é fundamental a pesquisa com células-tronco. Mas Marina já afirmou ter restrições a essas pesquisas.
Romário fecha com Marina Silva ou com as pesquisas científicas que ajudam portadores de doenças raras?
Assim caminha a campanha eleitoral.