Crivella vincula falha de aviões a funcionários de fabricante maconheiros
Mário Magalhães
No debate promovido pela Band entre candidatos ao governo do Rio, das dez horas da noite de ontem aos 26 minutos da madrugada de hoje, o inusitado foi que o postulante tido como favorito por muitos analistas, Luiz Fernando Pezão (PMDB), expressou-se com mais dificuldade. E o azarão entre os cinco participantes, Tarcísio Motta (PSOL), revelou-se um azougue da oratória, o que mais claramente apresentou ideias _sem que isso implique juízo de valor sobre as propostas suas, de Pezão, Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Lindberg Farias (PT).
Sem querer, Motta serviu de escada para o momento mais nonsense da noite. Ao responder a uma pergunta sobre descriminalização da maconha, o professor do Colégio Pedro II se disse favorável. Em seguida, Crivella divergiu. O senador afirmou:
''Os países que adotaram isso retrocederam. A Holanda, por exemplo, teve empresas fechadas porque seus funcionários estavam usando drogas, como a Fokker, por exemplo, e os aviões começaram a ter problemas, inclusive no Brasil''.
Para assistir ao vídeo, basta clicar aqui.
A fabricante de aviões Fokker foi fechada na década de 1990, por problemas principalmente de gestão.
Em 1996, um desastre com um Fokker 100 da TAM causou a morte de 99 pessoas.
Mas o alegado vínculo de acidentes aéreos com operários sob o efeito de drogas não tem lastro nos fatos.
Sobre o debate, que não deve ter maiores consequências eleitorais, foi este o comportamento dos candidatos:
Garotinho: atacou Pezão com virulência, mirando secundariamente em Lindberg.
Pezão: o grande alvo da noite, esquivou-se com relativo sucesso, mas sem brilho.
Crivella: fez o papel de bom moço, não quer brigar com ninguém, mas deu suas estocadas em Garotinho.
Lindberg: fogo em Pezão e algumas faíscas contra Garotinho.
Motta: fustigou todos, dizendo que eram ''quatro Cabrais'', referência ao ex-governador Sérgio Cabral.