2º dia na Globo: amadores e profissionais se revelam na campanha
Mário Magalhães
Breve historinha doméstica, para ilustrar algumas impressões sobre o segundo dia de cobertura da campanha eleitoral na Globo.
Assisti ao RJTV 2ª Edição (veja aqui o programa) jantando com um moleque de sete anos que adora telejornais. Como o noticiário às vezes é barra pesada, fico com o controle remoto à mão. Volta e meia corto o som, como em reportagens sobre estupros e outras barbaridades.
Perguntei, minutos depois da matéria sobre o dia dos candidatos a governador do Rio mais bem colocados nas pesquisas:
''Do que o Lindberg falou?''
Meu companheiro não se lembrava.
''E o Garotinho?''
''Do metrô'', ele respondeu de bate-pronto.
Anthony Garotinho (PR) e Lindberg Farias (PT) haviam concentrado suas entrevistas na mesma proposta: a extensão da linha de metrô/trem para a Baixada Fluminense.
É possível que, por ter falado depois, Garotinho tenha se fixado na memória de uma criança.
Mas eu aposto que o cenário distinto foi decisivo.
Em um amadorismo surpreendente em época de investimentos polpudos em marketing político, Lindberg dissociou o discurso da imagem. Onde ele discorreu sobre transporte público? No corredor de uma entidade de advogados.
Garotinho, com profissionalismo, foi filmado na Central do Brasil passando pela roleta do metrô, dentro de um vagão e, numa estação mais à frente, abrindo um mapa mostrando o que seria o novo traçado a ser percorrido pelo metrô/trem.
Outro que, obediente aos marqueteiros, cumpriu a regra elementar da palavra vinculada à imagem foi o candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Para falar de ensino técnico profissionalizante, ele foi a um centro vocacional tecnológico construído pelo Estado. Explorou ao máximo o palanque na Globo.
Não custa enfatizar que não trato de conteúdo neste post, mas de aparências, decisivas em eleição. Exemplo: no ''Jornal Nacional'' de segunda e terça-feiras, Eduardo Campos (PSB) tinha um objetivo central, foi minha impressão _mostrar a vice Marina Silva ao seu lado, indicando a milhões de eleitores que eles estão juntos na disputa presidencial. Foi bem sucedido.
O RJTV informou que Marcelo Crivella (PRB) não teve atividade de campanha. Se estava em Brasília, o candidato poderá usar a informação: como exerce mandato, trata de cumpri-lo, frequentando o Senado para o qual foi eleito.
Com o programa eleitoral obrigatório (para candidatos a governador começa em 20 de agosto), a influência da aparição diária na Globo diminuirá, e o amplo tempo de Pezão deve pesar na definição do primeiro turno. Garotinho, Crivella e Lindberg são os favoritos para a segunda vaga.
Vantagem relevante, Lindberg terá mais tempo que Garotinho e muito mais que Crivella no dito horário eleitoral gratuito.
Os candidatos Dayse Oliveira (PSTU), Tarcísio Motta (PSOL) e Ney Nunes (PCB) não foram citados ontem no RJTV 2ª Edição.