Para entender a campanha eleitoral no RJ: todos contra Pezão
Mário Magalhães
A pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira sobre a eleição para governador do Rio de Janeiro reforça o cenário identificado pelas principais campanhas: a disputa no primeiro turno deverá se concentrar na definição do adversário de Luiz Fernando Pezão (PMDB) no mata-mata derradeiro.
Recapitulando, o Ibope apurou 21% de intenção de voto para Anthony Garotinho (PR), 16% para Marcelo Crivella (PRB), 15% para Pezão e 11% para Lindberg Farias (PT). Para ver os números, basta clicar aqui.
Como a margem de erro é de três pontos, Garotinho, Crivella e Pezão estão tecnicamente empatados em primeiro lugar _mas é muito provável que Garotinho lidere.
Assim como também estão igualados Crivella, Pezão e Lindberg.
Este levantamento não pode ser comparado rigorosamente com os de antes, pois é o primeiro com os candidatos oficiais. No anterior, a pesquisa estimulada ainda indagou aos entrevistados sobre Cesar Maia (DEM), que mais tarde trocou a candidatura de governador pela de senador e talvez seja impedido de concorrer pela Justiça eleitoral.
Mesmo assim, é possível constatar o ascenso de Pezão: 5% (26 de novembro), 7% (23 de março), 13% (17 de junho) e 15% agora.
Foi bem sucedido o plano do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) de entregar o governo ao seu vice, dando-lhe mais visibilidade.
O prognóstico unânime entre os observadores é o de que Pezão vai crescer ainda mais com o horário eleitoral, quando a coligação de 18 partidos lhe dará tempo muito maior na TV, em contraste com a reduzida exposição de Garotinho e, sobretudo, Crivella.
A pujança de Pezão impressiona porque pouco mais de um ano atrás, em junho de 2013, centenas de milhares de manifestantes gritavam nas ruas do Rio contra a gestão Cabral. A administração segue mais desaprovada que aprovada, informa o Ibope, mas a imagem vem melhorando.
A saída da massa da rua ajudou Pezão a prosperar.
É raro alguma declaração oficial de comitês e candidatos dar pistas, mas reservadamente se consolida a avaliação de que o candidato mais difícil de derrotar no segundo turno é o que busca a reeleição.
O mais fácil, Garotinho, em virtude da ampla rejeição (44% no novo Ibope, contra 17% de Lindberg e Pezão e 15% de Crivella).
Para chegar ao segundo turno, Garotinho, Crivella e Lindberg serão críticos, em estilos diferentes, do atual governo estadual. Todos contra Pezão.
O deputado federal Garotinho em tom duro, o senador Lindberg pegando um pouco mais leve (seu partido compartilhou por sete anos a administração Cabral-Pezão) e o senador Crivella com discurso ameno.
Se os adversários conseguirem associar Pezão ao desgaste dos anos Cabral, o governador terá mais riscos no segundo turno.
Para Pezão, aparentemente o candidato mais complicado seria Lindberg, pois Garotinho carrega a rejeição dos tempos do seu governo e do de sua mulher, Rosinha. Crivella, é avaliação consensual, terá problemas para desvincular sua imagem da Igreja Universal do Reino de Deus _acaba de dizer em entrevista que homossexualidade ''é pecado''.
Entre os três candidatos do flanco esquerdo, o Ibope apurou Dayse Oliveira (PSTU) com 2% e Tarcísio Motta (PSOL) e Ney Nunes (PCB) com 1% cada um.
É previsível que o professor Motta ultrapasse Dayse e Ney quando o deputado estadual Marcelo Freixo, que obteve perto de 30% dos sufrágios na última eleição para prefeito do Rio, pedir votos para o correligionário na TV. Freixo é novamente candidato a uma vaga na Assembleia.