Ovo de Colombo: sem Elano, André Santos, Chicão e Felipe, o Fla enfim vence
Mário Magalhães
Com Vanderlei Luxemburgo de regresso ao clube, o Flamengo enfim voltou a vencer no Campeonato Brasileiro: 1 a 0 no Botafogo, o segundo triunfo em 12 partidas. Ainda padece na zona de rebaixamento, mas não mais com a lanterna, de posse agora do Figueirense.
Quatro ausências contribuíram para a evolução da equipe, que merecia ter obtido um placar mais eloquente: o goleiro Felipe, o zagueiro Chicão, o lateral-esquerdo André Santos e o meia Elano.
Os quarteto decadente não jogou por motivos diversos, de suspensão a, por decisão de Vanderlei, critérios técnicos. João Paulo, substituto de André Santos, cruzou para Alecsandro marcar de cabeça.
O reestreante teve outros méritos, como escalar o volante Cáceres, o melhor no Maracanã, a despeito da expulsão no finalzinho. E, mesmo com poucos dias de preparação, transformar o bando dos últimos vexames em uma equipe, portanto mais solidária e combativa.
Nada genial, e sim um ovo de Colombo. Mas Ney Franco, o segundo técnico rubro-negro na competição, foi incapaz de exibir um time com indícios de time, e por isso caiu.
O Flamengo também foi beneficiado pelo Botafogo bisonho, cuja ação mais louvável foi dos jogadores ao entrar em campo denunciando o ofensivo atraso salarial e declarando que não faltaram ao clássico por deferência à torcida.
Sobre a volta de Luxemburgo, meu irmão gremista _os outros três são vascaínos_ mandou um torpedo irônico na sexta-feira: ''Dr. Mário Magalhães, estou há dias para saber o seu parecer em relação à contratação do novo treinador do seu time. O senhor, se não me falha a memória, como grande conhecedor e profissional, quando o tal treinador comandou a equipe tricolor gaúcha não disparou elogios a seu respeito. Aguardo comentários''. Acrescentou uns risinhos e um tradicional ditado gaudério impublicável.
O gremista se referia ao post ''Quem será o próximo otário a apostar em Luxemburgo?''.
O técnico deixou o Grêmio pouco tempo depois da publicação desse artigo, cujas opiniões permanecem, de maio de 2013.
Mais tarde, em julho do ano passado, comentei novamente a carreira de Vanderlei: ''Se eu fosse o Luxemburgo, imitava o Guardiola e tirava um ano sabático''.
Um trecho: ''Se eu fosse o Vanderlei, tomaria o Guardiola como inspiração. Para voltar mais forte e tentar retomar a trilha vitoriosa na qual um dia derrapou e que jamais reencontrou''.
Claro que ele não imitou o catalão genial, e o Fluminense apostou em Vanderlei, que não durou muito, demitido no começo de novembro de 2013.
Ignoro se por vontade própria ou falta de convites, o treinador ficou quase nove meses parado. Período para refletir sobre a carreira e se atualizar, ao menos acompanhando e comentando a Copa na TV.
Se vai retomar o caminho dos seus vitoriosos anos de técnico? Não faço ideia. Tomara que o sabático, voluntário ou não, lhe tenha sido útil.
Não custa enfatizar: quem tem uma torcida como a do Flamengo nunca fica na mão, como se viu hoje aqui no Rio.