Flalemanha? Fladisney!
Mário Magalhães
Ingenuidade pode não ter fim. Depois de acreditar no hexa em 2014, cultivei a esperança de que o Flamengo retomaria, arrumadinho, o Campeonato Brasileiro pós-Copa.
O time entrou na décima rodada como 19º e penúltimo colocado, já na zona de rebaixamento. Com a derrota em casa por 2 a 1 para o Atlético-PR, na noite desta quarta-feira, caiu para a lanterna. Em 30 pontos disputados, colecionou sete, uma só vitória em dez partidas.
A camisa rubro-negra da campeã mundial Alemanha rendera a brincadeira do Flalemanha, ainda mais com Podolski desfilando com o legítimo manto sagrado.
Descobrimos ontem a Fladisney, o time treinado por Ney Franco, técnico que enquanto corria a Copa ou às suas vésperas passeava em parques da Disney nos Estados Unidos.
Em vez de se dedicar a arrumar a bagunça evidenciada em campo, o clube concedeu um período de pouco mais de duas semanas de férias ao elenco, antes de retomar os treinos.
O penúltimo lugar rendeu o prêmio: férias no meio da temporada!
Claro que os aduladores da cartolagem acharam tudo muito bom, tudo muito natural.
Mesmo com quase um mês para ensaiar o regresso ao Brasileiro, assistiu-se a uma sequência de desencontros.
Ney Franco voltou a empregar o sistema com três zagueiros. Raríssimas seleções o adotaram na Copa, a Holanda foi uma delas _a Argentina abandonou-o depois do primeiro tempo na estreia.
O resultado foi o esvaziamento do meio-campo, tomado pela garotada do Furacão. Apesar dos três na zaga, o Flamengo ofereceu um buraco para Douglas Coutinho abrir o placar aos 19 min do primeiro tempo.
Com volantes e meias marcados, o rubro-negro carioca saía jogando com chutões de Felipe ou dos zagueiros para o ataque, onde Alecsandro batalhou em uma solidão de dar dó. Por falta de opções, Wallace, na prática, virou armador.
Por sorte, o Flamengo obteve o empate aos 34 minutos, com Samir cabeceando depois de escanteio cobrado na esquerda por Lucas Mugni, que entrara no lugar de Paulinho, que saiu contundido.
Na segunda etapa, Alecsandro acertou o travessão aos 10 min, e aos 15 mim Cléberson anotou o 2 a 1. Enquanto o time da casa, que jogou em Macaé (RJ), espichava a bola com nenhum ou pouco perigo, os visitantes tocavam.
O técnico Doriva, que eu vi chegar jovenzinho como volante ao São Paulo, ensinava a Ney Franco como armar um time de futebol.
Sugiro compararem a folha de pagamento do Flamengo à do Atlético-PR. Descobrirão que é lorota a desculpa da diretoria do clube do Rio, segundo a qual o time patina porque há contenção de despesas.
Na verdade, gasta-se muito, porém mal.
Quanto ganham Elano e André Santos, que vivem a decadência de duas carreiras que tiveram ótimos momentos?
Os dois foram muitos vaiados pela torcida.
Que gritou ''ô, ô, ô, queremos jogador!''.
E também ''vergonha, time sem vergonha…''.
Será que eu sigo acreditando? Estou me sentindo o Pateta.