Aloysio, o vice de Aécio, foi guerrilheiro importante na ALN de Marighella
Mário Magalhães
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O senador Aloysio Nunes Ferreira Filho, anunciado hoje como candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves, foi um militante importante da Ação Libertadora Nacional.
A ALN foi a maior organização armada no combate à ditadura instaurada no Brasil em 1964. Seus líderes eram o ex-deputado Carlos Marighella, fuzilado em 1969, e o jornalista Joaquim Câmara Ferreira, morto na tortura em 1970.
O jovem Aloysio migrou do Partido Comunista Brasileiro, do qual Marighella havia sido um dos dirigentes, para a ALN.
Universitário, presidiu o prestigiado Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP.
Na célebre instituição de ensino do Largo São Francisco, estudaram mais de dez guerrilheiros da ALN que integraram grupos de fogo comandados por um técnico em mecânica (Marcos Antonio Braz de Carvalho) e um operário (Virgílio Gomes da Silva).
Aloysio é mencionado em sete páginas do meu livro ''Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo'' (Companhia das Letras).
É impossível conhecer a trajetória do senador ignorando seus tempos de luta armada, quando seu nome de guerra mais usual foi ''Mateus''.
Ele participou em agosto de 1968 do legendário assalto ao trem pagador Santos-Jundiaí. Dirigiu um dos carros em que os guerrilheiros que entraram no trem fugiram em seguida. Portava uma carabina. Coube a Aloysio levar o dinheiro arrecadado, como conto em detalhes na biografia de Marighella.
Era com Aloysio que Marighella viajava quando soube que o congresso da União Nacional dos Estudantes havia sido descoberto em Ibiúna (SP), resultando em centenas de presos.
Outra função de Aloysio era transportar Marighella _o líder da ALN não sabia dirigir.
Até hoje seus detratores pensam desqualificá-lo apresentando-o como ''o motorista de Marighella''.
Em outubro de 1968, Aloysio esteve na ação que resultou no roubo de um carro-pagador da Massey Ferguson.
Em 1969, Aloysio mudou-se para Paris, onde se transformou no principal quadro da logística da ALN na Europa.
Na década de 1970, ele regressou para o PCB, do qual sairia para o PMDB e, mais tarde, para o PSDB, partido no qual milita hoje.
O senador considera que a guerrilha foi um erro.
Mas nunca se declarou ''arrependido'' das lutas que travou contra a ditadura.
Que eu saiba, há ex-militantes da ALN em oito agremiações: PT (a maioria expressiva), PSDB, PDT, PSB, PV, PSOL, PPS e PTB.
Dilma Rousseff, que postula a reeleição, militou em organizações guerrilheiras, mas não na ALN.
A presidente e seus companheiros afirmam que a jovem Dilma não participou de ações armadas, versão reforçada pela documentação histórica conhecida.