Vacina contra o oba-oba
Mário Magalhães
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O aspecto mais negativo é também o mais positivo no balanço do empate do Brasil com o México em 0 a 0: está claro, como sugerira a vitória sofrida sobre a Croácia na estreia, que a seleção precisa evoluir muito para disputar o título com mais chances.
O clima de oba-oba em torno do time de Felipão e Parreira esfria ou termina. Bela notícia! É preciso trabalhar para encarar equipes que já deram espetáculo e parecem competitivas, como Holanda, Alemanha e Itália.
Não foi uma partida bonita a que o Castelão hospedou, mas pegada, batalhada, típica de Copa do Mundo.
O confronto foi tão duro que os melhores brasileiros foram, na minha opinião, os zagueiros Thiago Silva e David Luiz.
No primeiro tempo, as ações foram equilibradas. No segundo, a parte inicial foi mais do México e, a derradeira, do Brasil. Thiago quase marcou de cabeça, aos 41 min. Aos 46 min, Júlio César salvou, com bela defesa.
Com Hulk contundido, imaginei que a entrada de Ramires reforçaria a pressão na saída de bola adversária, mas não foi isso o que ocorreu. Os brasileiros deixaram os mexicanos jogarem até atravessar a linha do meio-campo, e vice-versa.
Com Ramires, o time não progrediu na marcação, e perdeu ímpeto no ataque.
Substituído no intervalo, Ramires deu lugar a Bernard, opção mais ofensiva. Então, o México dominou a meia cancha e cresceu. Mais tarde, Bernard criou e ameaçou.
Como a zaga brasileira está em grande forma, Peralta e Giovani dos Santos não levavam vantagem na área. Por isso, meias como Vázquez e Guardado chutavam da intermediária, com perigo. A facilidade em bater de longe, sobretudo no começo da segunda etapa, refletiu a pouca intensidade dos volantes e meias canarinhos.
A equipe também foi pouco intensa no ataque, na maior parte do tempo. Colecionou oportunidades, inclusive com Neymar, mas as grandes foram poucas, ainda que o goleiro Ochoa tenha sido eleito o melhor.
O Brasil está a um passo da classificação para as oitavas-de-final. Segue em primeiro lugar no grupo A graças a erros de arbitragem na primeira rodada, favorecendo a seleção candidata ao hexa e, contra Camarões, prejudicando os mexicanos.
Desta vez, os jornais do México não poderão titular ''Jogamos como nunca, perdemos como sempre''.
A torcida visitante teve mesmo o que comemorar.
A seleção brasileira tomou uma vacina contra o oba-oba. Valeu a viagem a Fortaleza.