Blog do Mario Magalhaes

Na ‘sala de espera virtual’ por ingresso, a Fifa me deu diploma de otário

Mário Magalhães

blog - sala de espera fifa

 

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Fui, crédulo incurável que sou, um dos candidatos a comprar ingressos da Copa na venda que a Fifa anunciou para a partir da meia-noite, horário de Brasília.

Levaria quem chegasse mais cedo, avisou a entidade. Mas desde a zero hora desta quarta-feira, bem entendido.

Às 23h50 comecei a tentar o acesso, mas um alerta informava que era preciso aguardar o horário marcado.

Pois o site permitiu que eu entrasse pontualmente às 23h58, dois minutos antes do combinado. Com outras pessoas aconteceu a mesma coisa, o horário antecipado, conforme testemunhos veiculados nas redes sociais.

Mas a tela não me ofereceu entrada para nenhum jogo, nem mesmo Costa do Marfim versus Japão. Apenas exibiu a imagem acima, a dois minutos do novo dia.

E assim ficou, sem me encaminhar para o balcão. Nessa tal ''sala de espera virtual''.

Enquanto esperava, vi que no Twitter o pessoal se irritava e produzia piadas, engraçadas ou não.

Reclamaram que nessa fila não havia oferta de cerveja e amendoim. Um torcedor queria os salgadinhos com ''preço camarada'', mas aí já seria pedir demais ao presidente Blatter e seus bons companheiros.

Depois de um sem-número de comparações da fila da Fifa com a fila do SUS, alguém teve o bom senso de ameaçar punição de meia hora de atraso na ''sala de espera'' se repetisse o gracejo.

Virada a meia-noite, os tuiteiros de todo o mundo já haviam levado a Fifa aos trending topics.

Um garoto esperto contou que estava com oito janelas abertas no computador. Com apenas uma, senti-me um trouxa.

Mas não a ponto de cair na velha pegadinha dos gaiatos que sugeriam teclar control + w para passar à frente da fila. Este atalho, como se sabe, elimina a guia em que estamos navegando.

Um cidadão lembrou que as leis relativas a limite de tempo nas filas de espera poderiam punir a Fifa. Porém, a sala ''virtual'' não é fila de banco, e a Fifa não se submete às leis brasileiras.

Enquanto esperava, fantasiava a Fifa infiltrada pela galera do ''não vai ter Copa''. Mas também me lembrei das denúncias do jornalista Andrew Jennings sobre esquema mafioso na venda de bilhetes do Mundial.

Já na madrugada, constatei que a bronca era planetária, como mostravam postagens em vários idiomas.

Passou da uma hora, e eu persisti, pois as crianças querem porque querem ir a algum jogo _queriam, queriam…

A menos de dez graus, um frio de lascar aqui nas bandas do Sul, não abandonei a peleia.

Mas era preciso acordar cedo para trabalhar, e à 1h13, 75 minutos depois de me logar no site da Fifa, entreguei os pontos.

Antes de eu digitar o control + w, o reloginho do notebook marcava 1h14.

Este é o verdadeiro padrão Fifa.

A entidade me deu mais um diploma de otário. Será que mandam o certificado pelos Correios, ou também preciso ficar na sala de espera virtual?