Não vai ter Copa, e sim duas Copas. Uma tentará engolir a outra
Mário Magalhães
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Na tarde desta quarta-feira, quando estive na USP para participar de um simpósio sobre futebol, deparei-me com o cartaz acima.
O prognóstico está errado, e a bandeira é irreal.
Vai ter Copa.
A quatro semanas da estreia, a novidade é que, ao contrário do que por anos se supôs, não haverá uma Copa no Brasil, e sim duas.
A primeira será disputada nos gramados, com a previsão de grandes seleções, com mais excelência esportiva do que nas edições anteriores da competição.
A segunda será jogada nas ruas, com manifestantes contrários à realização do Mundial ou revoltados com a dinheirama pública torrada, inclusive com estádios que, era essa a promessa original, não deveriam consumir um tostão dos contribuintes.
Resmungam os anti-protestos com a escolha deste momento para reivindicar. Queriam o quê? Que as numerosas categorias em greve deixassem para depois da Copa, quando governantes e patrões não lhes dariam ouvidos? O pessoal não é parvo, e quem não chora não mama.
Se a seleção brasileira prosperar em campo, talvez os movimentos programados arrefeçam. Talvez.
Caso as manifestações engrossem como em junho de 2013, a Copa é que diminuirá de tamanho, e a Fifa e os governos já ficarão felizes se chegar ao fim.
Se a abertura fosse hoje, o mais provável é que houvesse menos manifestantes do que no ano passado, mas com a diferença da entrada em cena de trabalhadores organizados, com ou sem o amparo dos sindicatos.
Mas falta quase um mês, e tudo é muito imprevisível. No Rio, por exemplo, as passagens dos transportes públicos-privados aumentam nos próximos dias. Haverá protestos?
Hoje há, em muitas cidades, contra a Copa.
Elas serão duas, e uma tentará engolir a outra.
Por ora, a única certeza é que os repórteres terão tanto trabalho fora quanto dentro dos estádios. Quem diria…