Blog do Mario Magalhaes

Foto mostra corpo de DG com marca de tiro; delegado não vê erro da perícia

Mário Magalhães

Bala entrou pelas costas do dançarino – Foto reprodução ''Extra''

 

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O jornal ''Extra'' publicou hoje a fotografia acima, identificando-a como o cadáver do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, morto na madrugada da terça-feira no morro Pavão-Pavãozinho (leia reportagem aqui).

A imagem comprova que era possível ver, na creche onde o corpo foi encontrado, não apenas a perfuração, mas também o sangue e outros líquidos que escorreram em virtude do tiro.

Já se sabia, por meio do laudo de necropsia, que Douglas havia sido baleado. Os legistas concluíram que ele morreu por causa de hemorragia interna provocada pelo disparo.

Também era sabido que estava errada nota da Polícia Civil, da noite da terça, informando que “as escoriação [sic] de Douglas são compatíveis com a morte ocasionada por queda”.

A novidade documental no ''Extra'', de enorme relevância, evidencia que era possível ver a olho nu o ferimento mortal.

Prefiro continuar acreditando que o equívoco da perícia não foi proposital, pois em seguida, no IML, se constataria o tiro. O que não apaga o erro grave.

Algumas questões:

a) por que o perito não viu o tiro? Não era preciso nem levantar a camisa de DG para enxergar. Cabe ao Estado do Rio responder;

b)  por que foi plantada a informação, que os meios de comunicação reproduziram, de que a morte por escoriações constava de uma perícia preliminar? Cadê o documento? Ontem, o delegado Gilberto Ribeiro disse que a nota se baseou em ''comentário que o perito fez no local''. Comentário não é perícia;

c) a foto veiculada hoje apresenta o corpo em posição diferente da de outra imagem, exibida nesta semana pela TV Globo. O cadáver foi mexido antes de o perito chegar ao morro carioca? Se isso ocorreu, mais que um erro, pode configurar crime;

d) o delegado Gilberto Ribeiro afirmou, sobre a nota da Polícia Civil omitindo o tiro: ''Não necessariamente é uma falha da perícia''. De quem seria, então?

e) como já sugerido pelo blog, deveria haver investigação sobre as falhas pericial e policial ao fornecer informação sem lastro nos fatos;

Novos depoimentos podem contribuir para elucidar a morte de Douglas. De acordo com os policiais militares que estavam no morro, o artista teria sido baleado durante tiroteio dos PMs com traficantes.

A mãe de DG tem convicção de que, além de baleado, seu filho foi torturado.

Na terça-feira, no começo da noite, Edilson Silva dos Santos, homem com perturbações mentais, foi morto a bala no morro ou em um acesso. Neste momento não havia troca de tiros com traficantes, mas um protesto de moradores, reprimido pela PM. Até o momento, a Polícia Militar não assumiu também essa morte.