No aeroporto Santos Dumont, taxistas desafiam lei e escolhem corridas
Mário Magalhães
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27 de dezembro de 2013: o ''Diário Oficial'' do Município do Rio publica decreto do prefeito Eduardo Paes multiplicando a multa para taxistas que recusarem corridas. A mordida passou de R$ 49 para R$ 625 (leia clicando aqui).
2 de janeiro de 2014: a nova regra entra em vigor.
15 de março, sábado passado, área de desembarque do aeroporto Santos Dumont: recebo a bagagem pouco depois das duas da tarde e rumo para a fila de táxis comuns. No caminho, sem nenhum guarda municipal ou agente da Infraero reprimi-lo, um cara-de-pau assedia no saguão: ''Táxi?''. E aponta para outra fila, a dos táxis especiais, bem mais caros. Driblo-o e prossigo.
Para minha sorte, não havia fila longa para táxis comuns. Estranhamente, um homem e uma mulher, que na aparência deveriam encaminhar os passageiros para os automóveis, batiam papo ao longe.
À frente do espaço demarcado para os veículos se enfileirarem, havia cinco ou seis táxis estacionados. Entendi: esperavam passageiros para corridas ''melhores'', mais distantes, desde que não para bairros com trânsito excessivamente complicado, como costuma ser a Barra da Tijuca. Logo o homem que conversava com a mulher encaminhou passageiros para um dos táxis que esperavam.
Ou seja: aqueles taxistas recusam corridas que não sejam do seu agrado.
Assim que eu cheguei perto da calçada, um taxista perguntou: ''Para onde?''.
Respondi: ''Botafogo''.
Ele: ''Só estou indo para Copacabana''.
Entrei no carro seguinte, sem GPS. Em dezembro, o prefeito determinara que os táxis das cooperativas que operam no Santos Dumont instalassem GPS.
Mas a viatura que eu peguei não é obrigada a acatar a ordem, porque não integra a cooperativa do aeroporto.
O número de táxis da associação é pequeno para dar conta do movimento. Por isso, são aceitos taxistas de fora, de quem muitas vezes os operadores de fila tomam R$ 2.
Aviso aos navegantes: não há cidade de que eu goste mais do que o Rio, onde nasci e vivo. Não digam que é má vontade ou perseguição. O sistema dos táxis de Congonhas funciona muito, muitíssimo melhor do que o do Santos Dumont. É covardia comparar. E o pior aeroporto do Brasil, palavra de quem viaja muito, é o Galeão, vergonhoso.
As autoridades não se cansam de prometer a moralização do esquema de táxis do Santos Dumont, mas nada acontece.
Sobre o aeroporto, já escrevi o post ''Problema com táxis no aeroporto Santos Dumont vai muito além da fila''.
E também ''Breve crônica da bandalheira no esquema de táxis do Santos Dumont''.
Faltam 88 dias para a abertura da Copa do Mundo.