Blog do Mario Magalhaes

No Rio, ocupação exigirá que antigo prédio do Dops vire centro de memória

Mário Magalhães

Antiga sede da polícia política do DF, no Rio – Foto Pedro Oswaldo Cruz/Acervo Inepac

 

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Daqui a dez dias começa uma ''ocupação cultural e política'' diante do prédio que durante décadas sediou a polícia política do Distrito Federal e, mais tarde, dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro.

O movimento ''Ocupa Dops'' reivindica a transformação do edifício _inaugurado em 1910_ em ''espaço de memória da resistência''.

O Dops era o Departamento de Ordem Política e Social, uma das várias denominações da polícia política no século XX. Um sem-número de brasileiros e estrangeiros foram presos, torturados e mortos em suas dependências no Rio.

(Carlos Marighella, personagem que biografei, lá esteve em cana em 1936, quando foi torturado, 39, 45 e 64.)

A convocatória para o ato, que ocorrerá em 21 e 22 de março, afirma: ''Enquanto não podemos estar do lado de dentro, estaremos em frente ao prédio, onde serão realizadas diversas atividades com grupos que exercem a resistência em seu cotidiano. Teremos debates, aulas públicas, apresentações teatrais, de samba, capoeira, hip-hop, dança contemporânea, projeções audiovisuais, entre outras. A ideia é que o Ocupa Dops seja um espaço múltiplo para a articulação de grupos, movimentos, entidades e indivíduos autônomos em torno da discussão sobre a violência cometida pelo Estado ontem e hoje; e que seja um espaço ocupado com frequência!''.

A transformação do prédio símbolo da repressão política em centro de memória é bandeira tradicional das organizações de defesa dos direitos humanos. O imóvel na esquina da rua da Relação com rua dos Inválidos continua servindo como repartição policial. Segmentos da corporação fazem campanha para que, em vez de contar a história da violência contra os cidadãos, seja o museu da polícia.

Para mais informações sobre a manifestação, basta clicar aqui.

Entidades como a Anistia Internacional Brasil e o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro assinaram um manifesto para que o velho Dops passe a ser centro de memória. O manifesto pode ser lido aqui.